quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cardápio de Leitura (Resenhas de Livros de Economia)

Caros leitores, selecionei alguns livros de economia para fazer curtas resenhas de leitura. Espero que seja útil para quem está procurando livros na área, seja para dar de presente no Natal, seja para dicas de leitura em eventuais férias ou tempo livre. A maioria desses livros eu li em aeroportos entre uma viagem e outra, alguns eu apreciei tanto que os li em prazo bem curto, menor do que uma semana, já outros, fizeram-se com uma leitura mais arrastada. Para quem é do ramo, tratam-se portanto de livros fáceis de serem digeridos por uma leitura corrida (ao contrário da leitura detida que algumas leituras epecializadas e de estudo requerem). São todos livros de economia ou estatística voltados para um público amplo.

A ordem dos livros está posta de forma um tanto aleatória mas com o viés de ter leituras mais recentes e que gostei mais em primeiro, no entanto há bons livros lá para o final da lista. Para cada livro há o título, nome do autor (ou autores), resenha, Editora, faixa de preços, número de páginas e Avaliação. A escala de avaliação é a seguinte:

Essencial > Muito Bom > Bom > Dispensável > Deplorável

É claro que essa classificação reflete meus gostos pessoais e dificilmente veremos Deplorável nessa lista, pois é uma lista de minha própria escolha já que não sou crítico profissional. Mas eu costumo a finalizar livros do qual não gosto então há uma chance deles aparecerem por aqui.

1. A Economia em Pessoa. Escrito pelo próprio Fernando Pessoa (não um de seus pseudônimos) e organizado por Gustavo H. B. Franco (ex presidente do Banco Central). Esse livro reúne 11 textos de Fernando Pessoa elaborados no tempo em que o poeta organizava uma revista de contabilidade e comércio. Na introdução há um belo texto de Franco contando a estrutura do livro e de como ele foi gestado e a idéia de associar a cada texto um conceito de economia moderna. Antes de cada texto, há uma pequena explicação do contexto, as explicações são curtas e não aborrecem, mas são um tanto desnecessárias, já que os textos que Pessoa ali nos deixou são atualíssimos. Pessoa foi um estudioso do comércio e da contabilidade. Trabalhava em firmas de representação comercial, e esse era seu ganha-pão, dado que veio a ser mais reconhecido pelos poemas no post mortem. E podemos dizer que ele levava braços ao comércio não sem uma dedicada paixão, já que abriu várias empreitadas comerciais e era dedicado a analisar aspectos das leis que facilitariam ou prejudicariam a atividade. A leitura é um deleite impar, os textos de Pessoa são de uma organização e de uma clareza de pensamento maravilhosa. Pessoa possui uma postura marcadamente liberal, o que é de fato interessante, aliava isso a uma posição moral que entendia necessária, pois julgava os estudos sociais ainda não serem ciência, e não sendo ciência, era possível desconstruir os intervencionistas que já existiam. Sua defesa do liberalismo ia um tanto pela fato da natureza do comércio, e do bem-estar por ele proporcionado, decorrer de uma forma naturalmente livre e não conduzida. Enfim, esse é um livro altamente recomendável. Pessoas como Pessoa fazem no tempo de hoje, e por cá, no Brasil, muita falta. Ed. Zahar. Preços de R$ 31,86 à 44,00. Pags: 173 .Avaliação: Essencial.

2. O Economista Clandestino. Tim Hardford. A proposta do livro é apresentar os problemas cotidianos que surgem na área de economia, e as soluções apresentadas pelos economistas a esses mesmos problemas. Muitos desses problemas as pessoas nem desconfiam que possa ter relação com economia, mas são na verdade temas muito estudados. Minha edição da Record traz uma capa com os dizeres: "Por que os ricos são ricos, os pobres são pobres e você nunca consegue comprar um carro usado decente". Esses dizeres dão um toque ireverente e Tim Hardford irá tratar de temas como preços no supermercado, planos de saúde, trânsito nas cidades, ecologia e desenvolvimento. Todos os temas já são microeconomia mainstream, porém, o alcance dessa economia ao grande público é um pouco difícil. Hardford logrou difundir esses temas conhecimentos e soluções dos economistas a um público mais amplo. Depois desse livro me tornei fã do seu autor, coloquei o blog do autor na listas de links sugeridos. Para um economista mais afinado com os temas de microeconomia (teoria da informação imperfeita, risco-moral, tragédia dos comuns, seleção adversa, teoria dos jogos, e economia comportamental) o livro não apresenta temas novos. O que muda é a forma de exposição que é muito didática, com bons exemplos para se utilizar e repassar o conhecimento em sala de aula. Eu adoto esse livro como leitura complementar em meus cursos (há também uma boa resenha um pouco maior que esta em realtrading). Ed. Record (Obs. Esse livro tem edição similar com foto de um ovo na capa: A Lógica da Vida, também da Record). Preços de R$ 35,70 a 44,90. Pags: 333. Avaliação: Muito Bom.

3. O Andar do Bêbado. Leonard Mlodinow. O andar do bêbado. Familiarizados com economia e estatística saberão o porquê desse título curioso. O Andar do Bêbado vem de random walking, passeio aleatório e quer dizer como uma série de dados se comportam aleatóriamente em torno de uma tendência. O bêbado tem um andar cambaleante (aleatório) mas mesmo assim consegue chegar em casa (tendência central), veja mais ou menos como funciona aqui. Eu ganhei esse livro de presente de uma forma um tanto por acaso, em um amigo oculto de livros onde as pessoas podiam "roubar" os livros umas das outras, em novembro de 2009. Como fiquei por último no sorteio, pude escolher, e o título que mais me chamou atenção foi esse. Pois bem, li o livro em uma semana e comprei uns quatro exemplares para presentear amigos. Mlodinow trata da história da estatístca com boas curiosidades sobre a formação de pensamento. Para os economistas, é interessante os tracks de confirmação apresentados. Exemplos de economia comportamental. O tema é de que a aleatoriedade tem um aspecto de imprevisibilidade e determinação mais importante do que lhe temos conferido. Esse é o mesmo tema de "A Lógica do Cisne Negro" que tratarei mas abaixo. Mas achei "O Andar do Bêbado" mais objetivo e fundamentado. Ed. Zahar. Preços de R$ 19,90 a 45,50. Pags: 261. Avaliação: Muito Bom.

4. Economia Sem Truques. Carlos Eduardo Gonçalves e Bernardo Guimarães. Um dos melhores livros de autores nacionais nessa linha de livros de economia para difussão ao público leigo. Uma boa resenha foi feita pelo prof. Rodrigo Menon Moita, que conheci em Brasília em curso preparatório da ANPEC (fiz a matéria de matemática com Cecília Menon, sua esposa). Utilizei um capítulo como referência de um artigo sobre a meia-entrada que estou escrevendo. O livro é cheio de interessantes casos exemplos, assim como o livro do Tim Hardford. Traz aplicações dos temas de microeconomia ao comportamento cotidiano, explorando bem os alcances das teoria dos incentivos, que levam as pessoas tomarem decisões baseadas em alguma racionalidade, e quais as consequências disso em uma série de medidas que temos. O livro desvela muita coisa que o conhecimento comum desconhece ou deixa de considerar. Esse livro em questão tem uma faixa de preços um pouco acima da média do mercado. Será que oferta e demanda explicam? Ed. Campus. Preços de R$ 41,80 a 54,90. Pags: 224. Avaliação: Muito Bom.

5. Econopower. Mark Skousen. Skousen é um economista declaradamente austríaco, isso o põe na linha de ser mais libertário e liberal do que os economistas mainstream. Mas uma das boas vantagens de Skousen é que ele não desconsidera as vantagens dos conhecimentos adquiridos na principal corrente da economia. Então o livro se propõe a tratar de temas diversos, e Skousen se propõe a lançar um olhar austríaco sobre a pauta neoclássica. Creio que ele foi bem sucedido, Econopower é um livro mais cadenciado do que os demais livros de economia para leigos, trata de mais assuntos na forma de capítulos curtos. Acho que os economistas mais tradicionais vão apreciar mais o Econopower, pois apresenta os conceitos novos de uma maneira mais a antiga, isso é uma vantagem, pois o livro ficou organizado e autor conseguiu pôr 37 capítulos em 243 páginas, os capítulos são curtos e agradáveis de ler. Por não ser da nova geração, Skousen não se apropria muito bem de alguns conceitos, faz uma defesa do padrão-ouro e pequenos pontos ocasionais que não comprometem o resultado. O preço pode estar um pouco salgado, mas ressalto o poder de concisão de Skousen. Ed. Campus. Preços de R$ 44,03 a 73,00. Pags: 243. Avaliação: Muito Bom. Confiram a capa da edição em inglês, mais divertida, não?!

6. Freakonomics. Sthepen Dubner e Steven Levitt. Surpresa! Eu li Freakonomics já há algum tempo e farei a resenha de memória não tão recente. Esse foi o livro que revelou aos editores que economia pode vender bastante. O livro é muito bom traz casos inesperados e tem um raciocínio lógico bastante fino. O livro é leitura importante, pois apresenta alguns achados úteis da área microeconômica e comportamental, tal como aquele de que a criminalidade pode estar realcionado à queda da fecundidade e a políticas que permitiam o aborto, que nomes e a indicação de raça implicita neles, podem incutir uma discriminação salarial, e que a mais honesta das pessoas reage a incentivos e que sistemas são falíveis, como o caso de professores recompensados pelas notas dos alunos tentados a adulterar as notas. Recomendo esse livro mais aos não-economistas, pois os achados serão mais reveladores para estes. mas alerto que tomem cuidado, o texto conduzido principalmente por Dubner, é uma leitura por demais enaltecedora dos trabalhos científicos de Levitt. O que Dubner apresenta como achados extraordinários e feitos de uma inteligência sem igual de Steven Levitt, nada mais são do que uma forma corriqueira de pensar e de analisar os problemas de economia. Na verdade, esse livro tem também o efeito perverso de fazer parecer que achado bom é aquele imprevisto, e não é muito assim, existem uma série de achados relatados em freakonomics que requerem maior rigor causal. Mas de uma forma geral os resultados que o livro mostra são importantes de serem conhecidos. Ed. Campus. Preços de R$ 41,76 a 66,90. Pags: 360. Avaliação: Bom (uma dica boa é o blog do Freakonomics).

7. Economia do Ócio. Bertrand Russel e Paul Lafargue. Organização de Domenico de Masi. Como um livro de tão poucas páginas pode ser tão essencial como esse? Nesse pequeno livro de 183 páginas de Masi organizou os dois clássicos autores que trataram de como a sociedade pode migrar de onde muitos trabalham para sustentar o ócio de poucos, para uma sociedade com mais opulência onde o leitmotiv seja o lazer e bem estar cultural proporcionado por um mundo onde o homem não seja escravo do próprio trabalho. Bertrand Russel é o conhecido matemático e filósofo da virada do século XIX para o séc XX, socialista moderado, pregava uma mudança para o socialismo por meio do convencimento, pacifista e favorável ao livre comércio. Grande parte de suas idéias continuam atuais, os excertos de Russel nesse livro são da coletânia Elogio ao Ócio, nessa coletânea Russel apresenta o argumento que devemos desapegar da ética do trabalho que faz com que se trabalhe e corra sempre atrás do tempo, o livro é de 1935 e já há pontos debatendo os pontos falhos do keynesianismo e sua enfase no trabalho (mesmo que inútil) apresenta também pontos contra o marxismo em vigor e acensão naquele momento. De particular interesse aos economistas é o capítulo "Finanças do Ócio" em que discorre sobre a inutilidade do padrão-ouro. E de como os resultados de crise de 1929 poderiam em grande parte serem evitados se houvesse mais racionalidade no tratado de Versalhes. O socialismo e algumas soluções de B. Russel são ainda utópicas e controversas, naquele tempo acreditava-se ainda, ser possível um perfeito planejamento central, talvez porque o mundo fosse mais simples, a guerra havia sugerido que algum planejamento era possível para nortear a economia, porém parte-se de uma premissa que hoje não se confirma: "Sem dúvida é possível o governo cometer erros de cálculo, mas é menos provável que o faça do que o indivíduo privado, pois tem à sua disposição um conhecimento muito mais completo da realidade". Mas aí se incorre no erro de que era possível se processar racionalmente informações, mas isto se revelou impossível por meio das experiências soviéticas e de outros países com regime econômico de controle. No mais, os erros são de diferentes proporções, no lado privado quando um indivíduo ou firma erra, outro estará em outro ponto, acertando, no caso do estado o erro de estado pune a todos indistintamente. Nos pontos controversos sobram uns aforismos que podem ser considerados dentro do senso de humor do autor: como na questão de que as mulheres educadas perdiam muito tempo com cultura inútil e escolhendo caros e ridículos chapéus (aquele trabalho poderia ser usada para coisa mais proveitosa) ou poderíamos ainda hoje concordar com a afirmação de que "Hoje em dia, os livros sobram em quantidade na mesma proporção em que carecem de qualidade", mas essas são questões de gosto e Russel está sendo muito pouco utilitarista nesse ponto. Paul Lafargue era um pensador francês e socialista, mas também defendia uma revolução pela libertação do trabalho, ressaltando aspectos caros aos socialistas que são a abundância material e o combate à loucura da superprodução. Seu ponto principal é de que a burguesia havia incutido um ideal de trabalho aos pobres que colocava os trabalhadores em condições sub-humanas por motivos desnecessários, já que toda aquela mercadoria não seria vendida. Aponta ainda que o natural do homem é o não trabalho e aponta essa contradição na recém assinada carta dos direitos humanos à frança, que pregava o direito ao trabalho. Mas o trabalho para os mais pobres naquele tempo era punição pior do que a escravidão. Ed. Sextante. Preços de R$ 19,90 a 19,90. Pags: 183. Avaliação: Essencial.

8. A Lógica do Cisne Negro. Nassim Nicholas Taleb. Taleb é um cético, arrogante, iconoclasta e pouco educado autor. Ele ataca Deus e o mundo salvando alguns poucos gatos pingados de sua predileção. Como Taleb não tem papas na língua, também não terei freios ao criticar o livro dele. O ponto do Taleb é algo parecido com o de Mlodinow, Taleb ressalta o papel do imponderável, de que não dá para prever acontecimentos baseados apenas em informações passadas. É muito interessante o didatismo de Taleb na exposição de coisas que pertencem ao Mediocristão e de coisas do Extremistão. Na linguagem do autor Mediocristão é o país onde as coisas são regidas por uma distribuição normal e se tornam relativamente fáceis as previsões. Taleb estabelece que fenômenos físicos conhecidos como altura e peso das pessoas obdecem a essa regra, um grande desvio de peso de uma pessoa não impactará demais na média. O contrário ocorre no Extremistão, onde a curva normal não tem vez, Taleb tem ojeriza da curva em formato de sino, mas isso vem de que ele não a conhece muito bem. Na verdade, Taleb não parece conhecer muito bem de estatística e provoca dizendo que a Normal é a GFI - Grande Fraude Intelectual. Dedica a parte três do livro a um malogrado ataque à curva normal. Mas os argumentos de Taleb são falhos. O autor está certo em ressaltar que ele não precisa "provar" uma outra distribuição para desqualificar a normal, inclusive Karl Popper faz parte de um dos eleitos que Taleb coloca em um pedestal. Está certo em mostrar casos em que a normal não funciona e mostrar que quem confia piamente costuma errar previsões. No entanto, refutar um argumento não mostra que o seu argumento alternativo está correto (não há confirmação de hipótese) e Taleb parece convenientemente esquecer disso. Pra finalizar a crítica eu diria que Taleb tem contato com gente muito ruim de serviço e não sabe nada de estatísticos. Na verdade, estatística não é SÓ pra fazer previsão, eu diria que esse é um campo menor de aplicação da estatística. Muitos dos contra-exemplos de Taleb não funcionam porque após uma transformação, logarítmica ou outra transformação qualquer, as distribuições a que ele se refere passam a ser normais. E os estatísticos possuem uma ampla gama de conhecimento de outros fenômenos não regidos por uma normal, e muitos ressaltam que o papel da matéria é pela explicação de fenômenos e não a sua previsão. Eu sou a favor do ponto de que previsões são logicamente imponderáveis e tenho minha própra coleção de exemplos que mostram situações em que economistas erraram fragorosamente ao tentar fazer previsões, mas acho que Mr. Taleb está muito por fora, ele tenta ser um iconoclasta, mas para isso é necessário muito mais substância sobre o que se está dizendo, coisa que Taleb não faz. Ele tem muita erudição e é um cético contra o platonicismo que às vezes leva a inutilidade, o que é coisa muito boa, mas é metido e arrogante e desrespeita o leitor. Ao longo do texto ele faz um chiste com o nome de uma autora chamada Yevgenia, que não existe e ao final ele não diz de quem se trata a tal mulher ou se é ficção de sua própria autoria. O livro poderia ter uma avaliação boa se Taleb encurtasse o número de páginas e fosse mais objetivo. Para a minha avaliação, ele me fez um calhamaço de 457 páginas onde 350 foram puro desperdício de tempo. Ed. Best Seller. Preços de R$ 26,91 a 39,90. Pags: 457. Avaliação: Dispensável.

9. De Cuba com Carinho. Yoani Sánchez. Acho que esse livro será muito importante para entender a fase atual de transição do regime Cubano. Cuba caminha para uma maior liberação pela simples falência do regime socialista. E a blogueira Yoani Sanchez (do blog Geração Y) que ficou famosa por amar Cuba, mas lutar para ter acesso à parca e precária internet da ilha e por apontar os inúmeros defeitos e contradições presentes cotidianamente no seu país. O próprio nome do blog da autora é um caso curioso de como a manifestação controlada de alguns canais de comunicação, no fim dos anos 70 e início dos anos 80, levou toda uma geração de pessoas a batizarem seus filhos com a letra Y na inicial do nome, uma manifestação silenciosa pela diferença. Yoani Sánchez conta situações criadas pelo controlismo social e econômico e o absurdo que isso gera, não é necessariamente contra o socialismo, mas a favor da liberdade, o que a torna um arauto, divulgadora das ânsias de libertação das pessoas da ilha ,que querem poder desfrutar o mundo com liberdade e igualdade. Os textos são retirados do blog da autora, mas achei importante a compra do livro, espero que boa parte do dinheiro vá mesmo para Yoani, acho a leitura importante para os que amam a liberdade. E mesmo que não intencionalmente, Yoani defende um sistema que só a liberdade capitalista pode proporcionar. Ed. Contexto. Preços de R$ 25,41 a 33,00. Pags. 204. Avaliação: Muito Bom.

10. O valor do amanhã. Eduardo Giannetti. O valor do amanha ficou conhecido por uma série que apareceu no fantástico. O livro trata do papel do tempo na decisão das pessoas. Como as pessoas racionalizam o tempo, como tomam decisões racionais considerando os seus efeitos. Giannetti fala das taxas de juros biológicas, sobre a persistente subestimação do futuro. É quase um tratado sobre os juros e sobre as decisões no tempo. Giannetti escreve de maneira admirável e o livro perpassa temas tais como poupança e investimentos, decisões de consumo, tempo e dinheiro e o envelhecimento e atitudes intertemporais. Conclui o livro falando sobre quais são as implicações sobre o desenvolvimento. Ed. Companhia das Letras. Preços de R$ 37,80 a 52,00. Pags: 337. Avaliação: Muito Bom.

11. Gobalização e seus malefícios. Joseph Stiglitz. Eu já gostei mais desse livro, talvez seja por tê-lo lido há muito tempo atrás, hoje acho algumas de suas conclusões parecem incorretas , o diagnóstico é simplista e a atribuição de causalidade muito rápida. Existem vários defeitos nele, a começar pelo título, ao contrário do título o livro não irá falar de Globalização, mas sim da orquestração das finanças globais dada pelo FMI e dos empréstimos do Banco Mundial. A postura de Stiglitz é bastante crítica à atuação do Fundo Monetário e aos empréstimos do Banco Mundial. Em verdade, esse livro marca um turning point na carreira de Stiglitz em que ele passou a ser menos um economista acadêmico e mais um economista midiático. As críticas do autor se pautam mais no processo de condução da transição do regime socialista do leste europeu, mas ele confere um peso demasiado do FMI tanto no combate quanto no papel de retirada dos países da pobreza e na determinação de crises e bom desenvolvimento econômico. O receituário dele é um Keynesianismo renovado, em alguns casos creio que correto, no caso dos países do leste europeu Stiglitz trabalhou o ponto de melhor forma em "White Socialism". No caso dos países asiáticos, acho que seus ataques são um tanto inapropriados. Ed. Futura. Preços de R$ 54,00 a 54,00. Pags. 325. Avaliação: Dispensável. (Há uma resenha mais favorável do Henrique Chagas, aqui).

12. Sexo, Drogas e Economia. Diane Coyle. O melhor desse livro é o nome. Sexo drogas e economia pretende ser mais um livro descolado de economistas, mas não consegue surtir muito efeito. A tradução para o português está mal feita, trata regressões econométricas como se fossem regressões ao passado da psicanálise. Além deste há mais alguns outros absurdos como "taxa de interesse" que não foi traduzida para "juros" e coisas do tipo. Isso não poderia comprometer a coitada da autora que não tem muito haver com a tradução que fizeram do seu livro. Mas afora a tradução o livro é fraquinho. Traz casos interessantes de aplicação da economia aos temas do sexo e das drogas e estão bem conduzidos esses capítulos. Assim como um capítulo em defesa da economia. Diane Coyle é uma jornalista de economia reconhecida, mas em alguns pontos ela não domina o assunto com muita propriedade e o capítulo dos efeitos da radiação solar na economia ficam mal postos no livro e o comprometem. Além de passagens por demais simplificadoras que demonstram não uma clareza de exposição mas sim uma não-compreensão completa do tema. Ainda assim o livro é bom de ler. Ed. Futura. Preços de R$ 44,00 a 44,00. Pags. 325. Avaliação: Dispensável.

As pesquisas de preços foram feitas utilizando o buscador buscapé.

Prováveis próximos participantes do Cardápio de leitura:

1. Most Harmless Econometrics. Angrist e Pischke.

2. Animal Spirits. Akerlof e Shiller.

3. Salvando o Capitalismo dos Capitalistas. Rajan e Zingales.

4. A revolta de Atlas. Ayn Rand.

4. O banqueiro dos Pobres. Yunus.

5. Alan Greenspan. Biografia de Alan Greenspan.

6. Sob a Lupa do Economista. Carlos E. Gonçalves.

5 comentários:

Erick Elysio disse...

Fantástico! Parabéns victor!

Unknown disse...

Victor, excelentes resenhas!! E concordei muito com boa parte das suas opiniões!

Vc deu o empurrão que faltava para eu ler 'Economia em Pessoa', 'Andar do Bêbado', Economia do Ócio", "De Cuba com Carinho' e 'O Valor do Amanhã'.

Concordo bastante que 'Freakonomics' fique abaixo de 'Economista Clandestino', 'Economia sem Truques' e 'Econopower'.

As observações sobre 'Sexo, Drogas e Economia' foram exatas, em especial quanto ao título e tradução.

Não consegui terminar 'A Lógica do Cisne Negro', pois Taleb me pareceu um polemista charlatão. Sua resenha foi o melhor comentário que já li sobre o livro.

Estou aguardando a resenha de 'Sob a Lupa do Economista', e aproveito para pedir que pense em resenhar este livrinho aqui: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=2709587&sid=89594520612129475916043381&k5=3277FA68&uid=

Seria legal tb se resenhasse algum clássico!

Abç,

Renato Souza.

I'm a Rock disse...

Erick, muito Obrigado.

Renato, valeu a dica, vou incluir na lista. Aliás, um punhado desses livros que estão aí na resenha foi o sr. que me deu a dica.

Sobre os clássicos é um pouco difícil de resenhá-los em poucas palavras. Mas vou pensar na possibilidade.

Abraços

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

cara, cheguei aqui pela indicação (e não é a primeira vez) da Metamorfose Ambulante. amei as resenhas, olhei mais (novamente) e amei. no tempo em que eu lecionava Introdução à Economia, gostava de ler este tipo de literatura (e sempre biografias de empresários e a literatura de divulgação de Economia de Empresas), sob a alegação de que sempre havia coisas a aproveitar em sala de aula. já coloquei alguns dos teus selecionados para minha lista de compras. aposentado fala do tema em festinhas de anoversário, e é bom estar up to date.

por fim, o livro de Diane Coyle foi-me indicado por um aluno (daqueles tempos). fiquei indignado com a tradução ("oradores nativos" e outras tropelias). escrevi à Editora, nunca responderam. por diletantismo, voltei a ler -desta vez,em inglês-, escrevi à autora, respondeu solícita. mas discordo de tua posição: em tradução decente eu o teria usado como texto fundamental de Introdução à Economia (e o complementaria com minhas temidas aulas...).
DdAB

I'm a Rock disse...

Dúlio, Muito Obrigado, o autor do Metamorfose Ambulante é meu amigo Ricardo Martini, ele fez mestrado em economia conosco na UFMG, calouros da minha turma e o Blog dele é bem bacana.

Muito obrigado pela opinião, estou colhendo sujestões de novas leituras.

Talvez eu tenha sido um pouco injusto com o livro da Diane Coyle, inclusive, eu usava um dos capítulos daquele livro em sala de aula (Louvor à Economia) e comprei um exemplar para uma amiga. Talvez eu tenha sido mais crítico porque o livro tenha ficado um pouco superado com as novas e mais interessantes publicações que surgiram. Mas não tira o mérito de ter sido um dos primeiros best seller dessa linha de economia voltada ao grande público