Um pouco de lições básicas de economia para a população em geral seria bom para evitarmos de ouvir argumentos indignados como o desta senhora que apararece no Jornal da Record e evoca até o nacionalismo para dizer que os estacionamentos abusam nos preços cobrados.
O Jornal está com uma interessante matéria para essa semana discorrendo sobre a falta de vagas em São Paulo, o que é similar para várias grandes cidades brasileiras. Um problema recente em São Paulo, que foi o principal tema da matéria de hoje (08/06/10), trata da redução do número de vagas permitidas nos acostamentos nas ruas. Essa medida visa facilitar o fluxo de veículos, já que em várias ruas secundárias o número de veículos estacionados no acostamento estreita bastante a passagem.
Essa medida no entanto taz uma série de incovenientes: as pessoas passaram a parar mais longe em áreas residenciais incomodando moradores, comerciantes perderam clientes que estacionavam em ruas e, principal ponto, o valor das diárias e da hora em estacionamentos privados se elevou mais de 3 vezes.
Essas medidas trazem muita indignação claro, pois alteram direitos estabelecidos e ocorre o que os economistas chamam de reestabelecimento das dotações. Ainda assim não se pode reclamar da oferta e da procura, evocar princípios morais para os preços (tal coisa não existe). Até porque a situação do volume de carros uma hora se tornará insuportável, o que significa que as pessoas terão de deixar, cada vez mais, seus carros nas garagens de casa (o que tem começado a se escassear também, dado o número de pessoas que possui mais de um veículo).
Segundo dados da reportagem o número da frota circulante de São Paulo é de pouco mais de 5 milhões de veículos. Segundo o sindicato de estacionamentos, o número de vagas disponíveis é um pouco maior que um milhão. Se a demanda é maior do que a oferta os preços sobem. Esses preços mais altos para se estacionar o carro sinalizam que os carros em excesso prejudicam o trânsito, quem quiser usar ainda o carro nos horários de rush e estacionar nas regiões centrais vai ter de se dar o luxo de pagar mais por isso, ou então (o que dá no mesmo, mas de forma não monetária) fazer como alguns entrevistados que chegam no centro às 4:30 da manhã para garantir uma vaga na rua (pegar um lugar na fila cedo tem um preço!).
Se for adotado o que alguns consumidores indignados querem, qual seja, um teto para o preço dos estacionamentos, o tiro vai acabar saindo pela culatra pois a oferta de vagas não irá crescer e as pessoas continuarão a usar muito os carros continuando a congestionar as vias, será mais barato, mas irá continuar faltando vagas do mesmo jeito, no futuro faltarão mais vagas ainda. Do contrário, com a solução de mercado, é possível que pelo menos por uma vez você possa ir de carro ao centro em um dia em que considere que isso lhe irá ajudar muito. Nas outras ocasiões é melhor usar o ônibus, metrô, bicicleta ou se mudar para perto. Para isso teriam de se melhorar as condições de transporte público e de moradia, mas isso já são temas para outras matérias que tentarei abordar aqui mais tarde. Link da reportagem.
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