quarta-feira, 9 de junho de 2010

Abaixo os Made In ..."Alhures"


Recentemente estive pensando que ganhos trazem ao consumidor saber que um produto foi fabricado na China, na Alemanha, no Brasil, nos USA etc...

Fiquei pensando e realmente constatei que não há realmente nenhum ganho a não ser o de uma informação que na verdade não acrescenta muito. Hoje em dia não dá pra especificar um componente ou produto que seja inteiramente fabricado em um país. Seu computador laptop pode ter um processador holandês, circuitos desenhados nos EUA, telas de cristal líquido fabricadas no Japão, condutores feitos no Brasil e ter sido montado na China. Aparece lá a lapela de "made in China", mas na verdade aquilo foi fabricado em diversos lugares. O mesmo acontece com carros, celulares, aviões, dentro de um simples livro, até mesmo dentro de um cereal matinal.

Para o consumidor, o que interessa saber é a empresa que o fabricou, para que assim, em caso de reclamação, ele possa procurar a representação mais próxima e reivindicar os seus direitos. Se foi feito na China ou na Zona Franca de Manaus pouco importa.

No entanto, apesar de não acrescentar muita informação relevante, os made in's da vida geram muita animosidade. Pois muitos realmente se revoltam ao saber de uma "invasão" de produtos derivados de algum lugar. A divulgação dos 'made ins' é na verdade uma forma de propaganda subincutida feita pelos países exportadores, feita para mostrar: "olha como somos bons, você está comprando um produto feito na Grã Bretanha!" Enfim, a prática dos 'made ins' me remonta a uma coisa imperialista, mesmo. Uma propaganda de poder, mercantilista na pior acepção do termo, daqueles tempos atrasados do séc XVI até XIX que aos Estados-nações só lhes interessavam exportar e nada importar.

No entando, o que os 'made ins' geram é uma guerra ferrenha de alguns contra a produtividade, eficiência, bom senso e contra as lógicas econômicas de comércio, divisão do trabalho e vantagens comparativas. Isso é maior do que o simples benefício de saber a procedência. Há também alguns efeitos práticos importantes para alfândegas, tributadores, portos e importadores, mas estes efeitos podem ser contornados de outras maneiras e há uma propaganda para os que gostam de saber que algo é feito em outro lugar (muitos gostam do Brazilian nut, por exemplo), contudo, é possível que esses efeitos positivos sejam pequenos para se continuar ostentando o MADE IN, considerando-se que as medidas protecionistas da população ocorrem muito por conta disso (a divulgação da procedência).

Há muitos problemas a serem sanados no comércio internacional ao invés de simplesmente se retirar os simples selos de fabricação. Soma-se à isso o fato de que se legisladores e a população em geral fossem mais instruídos sobre economia, a presença de tal coisa não afetaria em nada o comércio. No entanto, creio que é uma boa medida educativa (um pequeno início) para começarmos a implementar as boas medidas que precisam ser mudadas nesse campo.

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