terça-feira, 13 de agosto de 2013

Volta às atividades e uma opinião sobre as passagens de ônibus

Voltando às atividades do blog após longo período de hibernação devido a tese, volto aqui a postar os assuntos que mais me chamam a atenção em economia e demografia. Como alguns que acompanham esta página já sabem, isso nem sempre está diretamente relacionado ao noticiário em pauta na maioria dos jornais, mas sim em assuntos que me despertam interesse. Um dos novos posts que prometo comentar mais em breve é o assunto da minha tese, já dei alguns aperitivos sobre isso aqui no blog, mas agora terei a chance de aprofundar um pouco mais sobre o assunto. Ocorreu tudo bem na defesa, acho que posso dizer que foi um sucesso e agora a próxima etapa é trabalhar na divulgação através de artigos científicos relacionados ao assunto.

Enquanto esse post não fica pronto, coloco aqui um comentário que fiz sobre as tarifas do transporte público, comentário que fiz a pedido do aluno do curso de jornalismo da UFOP, Filipe Monteiro, para o jornal do curso:

"As manifestações populares que ocorreram no último mês de junho chamaram atenção para uma série de problemas estruturais econômicos que assolam o país. 

Atendo-se somente à questão das tarifas para o transporte público (que são preços regulados), pode-se ver três problemas importantes: o primeiro diz respeito ao despreparo no levantamento dos reais custos passageiro por KM, quando solicitada a explicar o patamar dos preços que justificava a base de custos das tarifas, a prefeitura de BH e seus órgãos competentes não conseguiu encontrar a planilha de custos que embasava os preços das passagens, ou seja, esse preço se retroalimentava e lá atrás, em algum momento, alguém fez uma planilha de custos e aquele preço inicialmente (não muito diferente de um “chute”) foi se retroalimentando por meio de uma correção ajustada pela inflação passada em uma reunião coordenada entre prefeitura e empresários da viação metropolitana. Um “chute” inicial de preços não seria problema se o mercado de linhas de ônibus funcionasse por concorrência, mas como ele é (e deve ser) regulado esse valor de base para as tarifas é muito importante. 

O segundo problema é que mesmo que por meio de concessões é possível estimular mais concorrência, a população deveria se ater mais aos mecanismos de controle no loteamento de concessões do que aos preço da passagem em si, a forma como as concessões são feitas e arranjadas entre prefeitura e empresas importa bastante. 

Por último, o terceiro problema, é que em relação aos assuntos econômicos, a população precisa às vezes aprender a refrear os ânimos, nem sempre a solução mais imediata é a melhor. Mesmo que aquele valor da tarifa inicial tenha sido um “chute”, é possível que ele tenha sido algo aproximado e não muito distante do verdadeiro custo passageiro por KM (um chute na trave, digamos), desse modo, ao abaixar os preços hoje, a sociedade só está transferindo o problema para amanhã, pois muitas empresas julgam a rentabilidade que já tinham como um direito adquirido, os contratos existem, e as prefeituras, como compensação, irão transferir subsídios maiores para o setor responsável pelo transporte público, de alguma forma a sociedade continuará pagando por aquele contrato que estava vigente. E o que é pior, pagará de forma indireta, não verá o dinheiro sair do seu bolso, e muitos que nem usam o serviço (vão à pé ou de bicicleta, por exemplo) pagarão pelo subsídio daqueles que usam. 

Isso é um arranjo econômico ruim, e por isso é preciso vigiar melhor as condições em que se dão esses contratos para dessa forma garantir o preço que a sociedade considera justo".

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