quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Notícia de Hoje sobre a Dívida de Minas

Pessoal, apenas uma nota curta relacionada ao post anterior, escutei na CBN hoje e está sendo veiculado no Diário do Comércio que o governo acertou com o banco Crédit Suisse um empréstimo de 6,45 bilhões de reais. O estado pretende usar esse dinheiro para pagar sua dívida mais cara que é com a CEMIG, relatada pelo prof. Fabrício no post anterior, esse é um bom movimento. Ainda precisará de dinheiro e contará com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (a CBN citou Banco Mundial, não sei se os dois ou se apenas uma das informações procede). Esse é um movimento interessante já que o juros no resto do mundo são ainda bem mais baratos que os nossos por aqui. E que a dívida da CEMIG era corrigida pelo IGP-DI + mais juros reais de 8,18%. 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Artigo do Prof. Fabrício Augusto sobre a dívida de MG

Caros, o informativo de divulgação "Agênda Econômica" do Corecon-MG, trouxe na sua penúltima edição (Setembro/11) um artigo do Fabrício Augusto de Oliveira, economista especialista em Finanças Públicas. O artigo é bastante explicativo e interessante, ele dá as perspectivas de pagamento (ou insolvência) do estado de Minas Gerais. O assunto ainda é quente pois não só Minas Gerais, mas outros estados estão pleiteando nova renegociação da dívida. Em um quadro de futuro desaquecimento, volta da inflação e eleições municipais do próximo ano, o tema coloca as negociações de governos dos Estados e o Federal em um dilema de cruz e espada. Segue abaixo o artigo completo.  

"A dívida do estado de Minas Gerais: “Choque de Gestão” para não torná-la impagável

Fabrício Augusto de Oliveira(*)

A dívida contratual do governo do estado de Minas Gerais saltou de R$ 18,5 bilhões, em dezembro de 1998, para R$ 64,5 bilhões, em dezembro de 2010. Em termos reais, Isto é, descontada a inflação, a dívida cresceu, neste período, 15%, o que significa um crescimento anual de 1,15%. Um crescimento apreciável, considerando o fato de que, desde a implementação do programa “Choque de Gestão”, os déficits públicos, em Minas Gerais, de acordo com o governo, deixaram de existir.

A dívida pública só aumenta por quatro motivos: a) para cobrir desequilíbrios orçamentários provocados por gastos primários correntes superiores às receitas; b) para a realização de investimentos para os quais não se conta com recursos orçamentários suficientes; c) para o refinanciamento da dívida e de seus encargos; e d) para a cobertura de passivos imprevistos que surgem e para os quais também não se conta com dotações orçamentárias.
A partir do contrato da dívida com a União, o estado de Minas ficou proibido de contratar novas operações de crédito, o que só voltou a ocorrer em 2006, quando se enquadrou no limite de endividamento estabelecido pela Resolução 40, de 2001, do Senado Federal. De lá para cá, ou seja, até 2010, realizou novas operações de crédito no montante de R$ 3,7 bilhões. Se, apenas para simplificarmos, deduzirmos este montante do estoque da dívida, ainda assim restaria um saldo de R$ 60,7 bilhões.
Por outro lado, como o estado vem registrando superávits primários desde 1998 e o surgimento de passivos contingentes (reconhecimento de “esqueletos”) não tem sido expressivo, este crescimento se explica, predominantemente, pelo refinanciamento da dívida e de seus encargos (ou seja, pelo seu serviço), embora tais informações não possam ser obtidas apenas pela leitura de orçamento, já que este, devido a uma contabilidade peculiar que começou a ser feita após a renegociação da dívida com a União, não contabiliza esses valores.
Na atualidade, são dois os principais credores da dívida contratual do estado: a União, que detém 85% de seu total, e a CEMIG, com 8%. A dívida com a União, que, em dezembro de 2010, montava a R$ 54,8 bilhões, é corrigida pelo IGP-DI + juros reais de 7,5%. A dívida com a CEMIG, que atingiu R$ 5 bilhões no mesmo ano, tem custos ainda mais altos: IGP-DI + 8,18%. Para a União, o estado é obrigado a destinar 13% de sua Receita Líquida Real (RLR) para o pagamento de seus encargos, sendo o restante que não é pago (o resíduo) incorporado diretamente ao seu estoque. Para a CEMIG, o acordo prevê o pagamento de um percentual dos dividendos recebidos da empresa pelo estado para sua amortização.

Em nenhum dos casos, os pagamentos feitos conseguem, nem de longe, cobrir os encargos anuais. No caso da União, o estado efetuou o pagamento de R$ 3,1 bilhões em 2010, mas deixou de pagar cerca de R$ 6
bilhões, fazendo a dívida saltar de R$ 48,7 para R$ 54,8 bilhões. No da CEMIG, o estoque da dívida aumentou mais de R$ 700 milhões no ano, fazendo o seu estoque avançar para R$ 5 bilhões. 

Para interromper essa trajetória de crescimento explosivo da dívida do estado, tornando-a impagável, o governo deveria contemplá-la, também, com um verdadeiro “choque de gestão”: a realização de uma renegociação séria com o governo federal para reduzir seus custos (indexador e juros) e também com a CEMIG (uma dívida ainda mais cara), não descartando, também, a alternativa de trocá-la por outra dívida menos onerosa. A população agradeceria."

(*) Doutor em economia pela Unicamp, Professor do programa de mestrado em Administração Pública da Fundação João Pinheiro, Conselheiro do CORECON-MG, é autor, entre outros, do livro “Economia e Política das Finanças Públicas no Brasil”.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Durma-se com um tilintar desses (Money)

Money! O XKCD fez uma ótima tirinha-infográfico da circulação de de dinheiro nos EUA e no Mundo. Eu digo que o fluxo circular pode ficar bem mais complicado e os alunos não acreditam.

http://xkcd.com/980/huge/#x=-5264&y=-1680&z=2

domingo, 20 de novembro de 2011

Cardápio de Leitura II (Resenhas de Livros de Economia, ou Quase)

Bem, está em tempo de começar mais um cardápio de leitura. Colocarei aqui os livros mais significativos lidos por mim mais recentemente. Ao contrário da primeira lista, que era mais voltada para livros de economia, a presente lista é um pouco mais aberta aos temas de estatística, matemática e filosofia. Acaba que envolve, mesmo que lateralmente, bastante de economia. Cabe deixar claro que o propósito da lista é o orientar a leitura (ou eventual compra) para os seguidores do blog e demais passantes interessados. E que as resenhas aqui postas possuem total viés de minha opinião, caso não concorde, procure outras resenhas "vendidas" no mercado.

Relembrando que a ordem de classificação é a seguinte:

Essencial > Muito Bom > Bom > Dispensável > Deplorável

A ordem de aparição segue a ordem de leitura desde a última resenha. Os mais recentes primeiro. Ao final, seguem discriminados três livros que ainda não estão concluídos, mas que coloco pois estão me parecendo interessantes. No entanto, o veredicto final com a classificação será dado apenas em uma próxima resenha. Pra finalizar segue a lista de espera, tal como fiz na última postagem. São muito bem vindas as sugestões. Algumas delas dadas por amigos ainda aguardam leitura.

Enfim, espero que gostem e seja útil:

1. Logicomix: Não é tão inusitado um quadrinho aparecer por aqui dado que sou fã da nona arte. Mas também não é inusitado em se tratando do tema e da condução da obra. Os autores deixam claro já no começo que a obra se pretende mesmo ser contada nesse meio e que os leitores não se enganem para não achar que é um livro do tipo: "Lógica for dummies". O roteiro é de Apostolos Doxiadis com ajuda de Christos H. Papadimitriou, dois autores gregos. Os desenhos são de outro grego: Alecos Papadatos e uma colorista francesa: Annie di Donna, dois artistas muito eficientes, o trabalho ficou primoroso. Logicomix foi minha última leitura de um dia só, apesar de suas 347 páginas (com referências). O tema é a busca da verdade por trás dos fundamentos lógicos da matemática. Para contar essa história os autores usam o percurso de vida do matemático e filósofo inglês, Bertrand Russell (novamente o Bertie aparece aqui nas resenhas) e na sua busca por conseguir provar os axiomas euclidianos e o enigma mais fundamental da Aritmética: 1 + 1 = 2. A Jornada é épica, os personagens beiram o trágico, e as dificuldades conceituais e filosóficas são tratadas com enorme eficácia. O livro narra toda a história da lógica desde os meados do século XIX até a metade do século XX, trazendo seus avanços e grandes consequências para a vida das pessoas envolvidas e das pessoas em geral. Os autores tiram algumas licenças quadrinísticas para deixar a história mais envolvente e eficaz, mas se atêm aos fatos e aos problemas envolvidos nessa busca da verdade. Dentre os personagens que aparecem no livro estão Whitehead, Wittgenstein, George Cantor, Boole, Kurt Gödel, o famoso círculo de Viena, de onde veio Von Neumann. Aparecem também Poincaré, David Hilbert, Peano, Gottlob e vários outros personagens importantes para a Lógica e a matemática do início do século XX. Além de menções a vários autores importantes, assim como aplicação rigorosa de conceitos. Tudo isso pontuado com algumas linguagens metalinguísticas dos autores e a Grécia contemporânea, que deixa um resultado final ainda mais interessante. Enfim, uma obra-prima que merece ser lida por quem se interessa pelos fundamentos axiomáticos da matemática e os limites de conhecimento científico. Alguns críticos estão rotulando como a melhor HQ de não-ficção dos anos recentes, não sei se o rótulo de não-ficção se encaixa, pois há algumas liberdades ficcionais de roteiro, e na verdade esse rótulo não interessa tanto para quem está voltado para o assunto. Ed.: Martins Fontes. Preços de R$ 39,25 (Promocional) à  R$ 69,00. Avaliação: Essencial.

2. As Grandes Equações:  Acho que antes de começar a falar sobre o livro vou elogiar um pouco aqui o catálogo da Zahar que está de parabéns. O nome da editora está quase funcionando como um selo de boa compra, parabéns a escolha editorial, espero que continue assim. A Zahar é uma editora de alguns anos de estrada com histórico de bons títulos. Mas desconheço porque motivos ela andou na segunda metade dos anos 90 e início dos anos 2000, totalmente sumida. Dê uns anos pra cá (uns 5-6 anos) ela ressurgiu com excelentes títulos no mercado. Quem tiver mais informações precisas sobre a editora pode me corrigir. Pois bem, a proposta desse livro cujo o autor é o físico-filósofo historiador da ciência Robert P. Crease, é apresentar ao público geral as 10 equações mais importantes da ciência. Crease tem uma bom fio condutor que não é só o de contar as histórias por trás dos personagens das equações (o que é muito comum nesse tipo de livro), mas tem também o compromisso de deixar claro ao leitor grande parte das idéias que embarcam aquelas grandes equações. Eu corrigiria um pouco Crease e já dou um aviso ao leitor interessado: Ciência para esse livro significa Física, como se ela fosse a única ciência importante. Com exceção da equação de preâmbulo, a tal 1 + 1 = 2 (onde novamente aparecem Whitehead e Russell), que é só um aperitivo e não entra na contagem de Crease, e as conhecidas equações de 1) Pitágoras: h² = a² + b²; e 4) Euler: e +1 = 0, estas são as duas únicas exclusivas da matemática, as demais oito equações são todas da física, a saber: 2) Segunda Lei de Movimento de Newton: F = ma; 3) A Gravitação universal: Fg = Gm1m2/r²; 5) Segunda Lei da Termodinâmica: S' - S > 0; 6) As Equações de Maxwell: aqui; 7) A celebridade na forma de equação: E = mc² (aliás esse capítulo é excelente, uma resenha do mesmo livro na net que enfoca em particular essa equação está aqui); 8) A equação da relatividade geral: Gim = -k(Tim - ½gimT); 9) A Equação de Schrödinger: aqui; 10) O princípio da incerteza de Heisenberg: ΔxΔp > h/2. Mas o fato de se concentrar nas equações importantes da física não torna o livro menos importante, pelo contrário, para o leitor bem interessado, é possível puxar a memória das aulas de física e realmente acompanhar o raciocínio que levaram àquelas equações. Isso é mais bem executado em uns capítulos do que em outros. Os capítulos 1 a 4 são muito compreensíveis sem maiores explicações. Os capítulos da termodinâmica e eletricidade são muito interessantes, mas Crease se perde tentando fazer uma analogia com um palco Shakespeariano, porque são muitos os atores responsáveis, mas ficou meio enfadonho e ele não vai fazer muita força para explicar as coisas nesse capítulo. O capítulo de Maxwell é bom, as imagens funcionam, mas o leitor fica sem saber (ou custa a relembrar com as parcas aulas de física Eletrodinâmica do 3º ano) o que são de fato as equações que estão lá. O mesmo não acontece com o capítulo do E = mc² que é extraordinário. Se vc quer saber interpretar a famosa equação esse é o livro. Os capítulos finais são bem conduzidos, mas Crease vai novamente fazer menos força para o leitor entender as equações, apesar de continuar tentando. Mesmo assim, foi uma das melhores coisas que já li sobre mecânica quântica (muito melhor que o obscuro "Quem somos nós"). Outra pequena correção eu faria que essa coisa de rodapé em final de livro eu sou geralmente desfavorável, principalmente quando o autor usa muitos e para quem gosta de lê-los, mas nada que comprometa. E há uma parte em que o autor fala brevemente de ciências humanas meio que na defensiva e como um alerta para os cientistas sociais serem mais mente aberta e superarem a sua falta de conhecimento técnico, que ele chama de "anosognosia". Como exemplo, Crease fala de um livro de popular de História nos EUA que não tem nenhuma menção aos grandes avanços da ciência que mudaram as vidas de mais gente do que as guerras, conflitos, intrigas políticas e etc. Todavia, não dá pra entender 100% porque Crease coloca esse interlúdio no final de um dos capítulos. É uma alerta, mas sem dizer mais sobre isso, ele seria um tanto dispensável. Enfim, o livro é muito gostoso de ler. Pensei se não seria legal ter uma versão para as equações da economia. Quais seriam as 10 equações essenciais? Ed.: Zahar. Preços de R$ 21,82 até R$ 42,00. Avaliação: Muito Bom.

3. Uma Senhora Toma Chá: Mais um livro da Zahar e de título bem curioso. Não contarei aqui o por quê desse título pois senão perde a graça, só adianto que o autor conta a história logo no início e, por incrível que pareça, o título tem a ver com estatística. Diferente do outro livro da mesma editora que trata do mesmo assunto: "O Andar do Bêbado", que também resenhei aqui, a abordagem do estatístico e autor David Salsburg é mais cronológica. Não por isso se torna menos interessante, enquanto "o Andar do Bêbado" apresenta uma abordagem mais voltada para problemas conceituais e algumas curiosidades à favor do acaso. Salsburg constrói internamente a evolução da ciência estatística. O autor tem propriedade para falar pois "viveu" grande parte das revoluções dessa relativamente jovem ciência. Não faltarão também curiosidades para deleite dos estatísticos profissionais e semi-profissionais. Descubra quem é a pessoa por trás do t-Student, como eram feitas as contas no tempo anterior ao computador e como os pequenos computadores mudaram isso tudo. O subtítulo já diz: "como a estatística revolucionou a ciência no século XX". São muito interessantes as apresentações das mudanças de interpretação envolvidas nas correntes teóricas que vão desde Pearson, Fisher, e Kolmogorov, por exemplo,  à Wald, Tukey, Box e Efron, para novamente mencionar apenas alguns. O livro não traz apresentações formais e nenhuma equação, apenas as idéias por trás das evoluções. O propósito é apresentar os personagens e os problemas que moveram as perguntas científicas relacionadas à Estatística. O Panorama que Salsburg traça é bem abrangente e vem até os anos bem recentes do desenvolvimento da estatística. A precisão conceitual e os fatos curiosos são mais interessantes e mais agudos até meados dos anos 70, e um pouquinho dos anos 80. A partir daí o livro não tem como abordar a vertente caudalosa de pesquisas realizadas, seria necessário outro livro. Mas é muito relevante, aprendi bastante com as histórias por trás das fórmulas que aprendemos no dia a dia. Para os economistas, há especial menção à participação importante de Gertrude Cox na elaboração de dados de emprego e dados dos censos dos Estados Unidos e seu papel importante no NBER, assim como menções muito especiais à tese de doutorado do Lorde M. Keynes, a qual Salsburg considera que deveria ser cogitado em maior apreço sobre suas teorias em probabilidade que são quase esquecidas por boa parte dos economistas. Ed.: Zahar. Preços de R$ 35,91 à 49,90. Avaliação: Essencial.

4. Uma Breve História da Economia: O autor desse livro, Paul Strathern, é uma daqueles escritores profissionais voltados e especializados em escrever biografias históricas voltadas para o público geral. Já escreveu "Filósofos em 90 minutos" e uma série de outras "Breves Histórias" e livros rápidos. Mas acho que Strathern fez aqui um bom trabalho. O livro então peca por oferecer algumas abordagens rápidas e ao contrário dos outros que eu resenhei acima, ele parece se importar mais com as excentricidades de caráter dos economistas mencionados. Assim ele não poupa as esquisitices engraçadas do Adam Smith indo tomar banho de mar de roupa para se tratar dos problemas respiratórios, ou da pindaíba já muito conhecida e documentada pela qual viveu toda a vida o Karl Marx, assim como os sucessos comerciais de David Ricardo e alguns fracassos do Lord Keynes. São muito interessantes e curiosas as anedotas e as análises da psiquê de John Von Neumann, aliás, personagem que abre e fecha o livro. Mas pode se fazer uma concessão já que tudo isso deixa o livro divertido. A análise econômica é ora boa e ora mais fraca, em diversos pontos ela chega a ser consistente e interessante. No que tange aos aspectos conceituais positivos, o livro acerta na análise dos fisiocratas e da relação destes com as ciências médicas e de circulação de moeda comparativa ao que se pensava da circulação sanguínea. A análise sobre Hume é um tanto superficial, mas é boa para fins práticos do livro. O ponto alto em termos de análise trata-se da revolução propiciada por John Law, o homem que inventou o sistema financeiro moderno, enriqueceu e logo depois quebrou a França ajudando a acelerar a revolução de 1789. Este livro não traz nenhuma análise econômica mais pormenorizada, seu ponto é contar a história de personagens com curiosidades divertidas que de certa forma influenciam sim na teorização dos problemas em questão. Se seu propósito é uma leitura agradável sobre a vida e pensamento desses personagens, o livro é uma boa leitura e conceitualmente correto (ou não tem nenhuma falha muito grave que eu me lembre ou possa notar). Se o objetivo é procurar por aprofundamento conceitual e histórico, há alguns livros mais completos disponíveis. A vantagem para o livro acima é que nenhum será tão breve. Ed.: Zahar. Preços de R$ 22,15 à R$ 42,90. Avaliação: Bom.

5. Cartas a um Jovem Economista: Gustavo Franco parece ter descoberto um filão editorial. Acho que ele é um bom autor, a compilação feita com Economia em Pessoa mereceu a nota máxima aqui deste blog, mas logo depois desse já apareceram "A Economia em Machado de Assis" e "Shakespeare e a Economia", em parceria com Henry W. Farnam. A rapidez desses lançamentos me fez torcer o nariz quanto a possível qualidade editorial, não que eu duvide que eles possam ser interessantes, ainda não os li. Mas a editora Campus vai ter de me perdoar, eu tenho uma Restrição Orçamentária justa, não posso comprar essas aventuras editoriais. Até que é bem conhecido o personagem Shylock do Mercador de Veneza, muito mencionado sobre a questão do juros, mas não sei que muitas novidades esses livros podem trazer. Ponto favorável para um eventual interesse em "A Economia em Machado de Assis" é que Franco é um especialista no período conturbado das políticas macroeconômicas da república velha, período sobre o qual Machado discorre em ensaios e até mesmo em alguns dos seus livros. Bom, mas falemos do Cartas, o livro deveria se chamar cartas a um jovem macroeconomista pois Franco vem novamente contar histórias sobre o Real e o processo inflacionário brasileiro que ele já veio a contar em vários outros livros tais como "O Plano Real e outros Ensaios", enfim, o livro é muito curto, não tem profundidade e fala mais do mesmo. No final há uma tocante homenagem ao jovem e promissor economista Gabriel Buchmann que faleceu enquanto excursionava no Malawí na África do Sul. Gabriel viajou antes de se preparar para o doutorado nos EUA para o qual teve aceite de duas ou três importantes universidades e a viagem era uma importante jornada para o conhecimento dos povos que viviam na pobreza da África. A homenagem seria mais tocante se o livro fosse mais compromissado e relevante. Segue uma entrevista do G. Franco sobre o lançamento do livro e assuntos relacionados. Ed.: Campus. Preços de R$ 23,31 à R$ 29,90. Avaliação: Dispensável.

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Livros que estão sendo lidos e em breve contarão com resenhas:

6. The Mostly Harmless Econometrics: Livro do Joshua D. Angrist e Jorn-Steffen Pischke dois importantes autores da área. Li só os primeiros dois capítulos que são muito interessantes por trazerem uma linguagem muito boa da interpretação dos métodos experimentais de comparação em econometria. Aguardo com boas expectativas a finalização desse livro.







7. Os Pecados do Capital: Esse é um livro mais doutrinário, para o qual é preciso de um pouco mais de cuidado ao ler. Li algumas poucas partes que trazem os argumentos já conhecidos dos economistas austríacos como é o Robert P. Murphy, autor do livro. Mas ainda assim, deve ser uma leitura fácil que em breve terá também resenha.





8. O Espírito Animal: Comprei a versão em inglês desse livro e creio que é o que estou com a leitura mais avançada, porém tive de parar e não retomei. Desde o ano passado ele já ganhou versão em português da Campus. Estou achando bem interessante e fala sobre os avanços das descobertas comportamentais influenciando a economia. O famoso Animal Spirits.





Livros na Lista de Espera do cardápio de leitura (várias sugestões dos amigos na postagem anterior estão penduradas aqui): Alex no País dos Números de Alex Bellos, A Whole New Mind do D. Pink, Teaching Economics de William Becker, Michael Watts e Suzanne Becker (orgs), Salvando o Capitalismo dos Capitalistas de Rajan e Zingales, O banqueiro dos Pobres de M. Yunus, Alan Greenspan, Sob a Lupa do Economista de Carlos E. Gonçalves, A revolta de Atlas de Ayn Rand, Descubra Seu Economista Interior de Tyler Cowen, o Mito dos Mercados Racionais de Justin Fox, o Superfreakonomics e Almanaque das Curiosidades Matemáticas de Ian Stewart.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

E o TRI apareceu na TV!

Não, não estou falando de nenhum tri-campeonato de algum time de futebol ou de algum outro esporte, mas sim do método de Teoria de Resposta ao Item (TRI) que foi ao ar no Jornal Nacional da rede globo para explicar a metodologia para obtenção das notas do ENEM. O caso vem à tona após uma escola de Fortaleza ter tido acesso prévio à 13 questões do exame. Recentemente, uma juíza do Ceará decidiu pela anulação das 13 questões. Não sei qual a melhor das soluções para esse caso, no entanto, tenho tendencia em pensar que seria melhor mesmo a aplicação de nova prova para toda a cidade de Fortaleza, de acordo com o que consta na metodologia do TRI.

O problema do ENEM é que, apesar de ser composto pela metodologia da TRI, ele objetiva sim, comparar os estudantes individualmente, pois vem sendo usado para o vestibular e os alunos têm muito interesse em suas notas. Isso desvirtua os propósitos do método que não é o de comparar o desempenho individual mas sim o desempenho de grupos.

Recentemente, fiz legendas para o vídeo sobre o PISA da OCDE que usa o mesmo método, porém, com pequenas particularidades. Em 2010, falei aqui neste blog dos resultados recentes de 2009 para o Brasil no PISA. O vídeo abaixo é bem instrutivo e explica para o público geral os objetivos dessa comparação internacional de estudantes pelo método do TRI. O vídeo possui 12 minutos, é muito bem ilustrado e instrutivo, espero que gostem.


Os clamores do prof. Tufi Soares para um banco maior de questões é muito importante. Para os especialistas que desejam e se interessam pelas técnicas, os relatórios aprofundados da metodologia são interessantes: relatório e o manual do método.

Curtam!