quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

UFMG confere título de professor emérito a Jose Alberto Magno de Carvalho

Neste mês de Dezembro, no dia 17, se deu uma merecida homenagem ao professor José Alberto Magno de Carvalho, fundador do departamento de demografia da UFMG e atual diretor da FACE-UFMG. Foi-lhe concedido o título de professor emérito da UFMG, uma das mais honrosas distinções acadêmicas. Eu estive presente à cerimônia e posso dizer que o sentimento de todos ali era de reconhecimento e orgulho, não seria possível concessão mais honrosa e oportuna. O professor José Alberto é referência no departamento de demografia da UFMG (um dos poucos no país) e um dos maiores expoentes do estudo acadêmico de demografia da América Latina, doutorou-se em demografia pela London School of Economics and Political Science, estudando com pesquisadores do quilate de William Brass e David Glass, tornando um dos primeiros PHD's na área atuando no Brasil.

Atuando há mais de 40 anos como professor, José Alberto ajudou a formar gerações de demógrafos no Brasil e no mundo, foi sócio fundador da ABEP (Associação Brasileira de Estudos Populacionais), presidente emérito da Internacional Union for the Scientific Study of Population (IUSSP), uma das mais importantes agremiações de estudos acadêmicos na área populacional e participou auxiliando a formação de inúmeros departamentos de estudos demográficos no Brasil, América e África. Seus textos sobre dinâmica populacional e migração (suas principais áreas de interesse) são referência na literatura e o professor já publicou diversos livros na área.

Enfim, o currículo acadêmico do professor José Alberto é de uma extensão quilométrica difícil de abarcar em um pequeno post, mas além do lado acadêmico de J.A.M. de Carvalho, há o lado humano e empreendedor. Eu vim do mestrado em economia na UFMG e depois de formado caminhei para meu atual doutorado em demografia. Porém mesmo no tempo do mestrado, em que eu não frequentava as hostes demográficas, o professor José Alberto me cumprimentava com cordialidade e educação, talvez aberto a puxar algum assunto, o que eu não fazia por minha singular timidez. Tal educação e cordialidade, infelizmente, nem sempre é vista em outros maviosos acadêmicos. O José Alberto é amigo, (Katia Campos escreveu um belo post 'linkado' aí na palavra "amigo").

Do lado empreendedor, José Alberto ajudou a fundar nada menos do que o CEDEPLAR (Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional), que reúne os departamentos de economia e demografia da UFMG e demais pesquisadores de áreas afins. Além da ABEP já mencionada, o professor foi peça-chave na transição do saudoso campus da rua Curitiba para o novo e moderno campus Pampulha. Presidiu a Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais) e fez parte do conselho curador no CNPQ. Além dessas obras o professor ajudou com a formação de diversos outros ambientes institucionais, um construtor de instituições.

De minha parte meu contato com o professor Zé Alberto foi pequeno, sou da coorte de 2008 e nós tivemos poucas aulas com o professor, mesmo com suas inúmeras tarefas de diretoria da FACE, José Alberto não abriu mão de algumas aulas de Técnicas de Análise Demográfica, a disciplina central do curso de demografia quantitativa. Resguardou para si as aulas das técnicas indiretas de se medir fecundidade. Suas aulas são realmente brilhantes em exposição e clareza, o amigo Fernando Kelles gravou em vídeo uma delas. Eu também gravei o vídeo da homenagem, em breve o postarei aqui, necessito apenas fazer o upload e editar poucas coisas

Na homenagem o professor José Alberto foi aplaudido de pé.

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Amigos, consegui enfim editar e adicionar os vídeos da cerimônia em Homenagem ao professor José Alberto.

No dia 28 de Dezembro, recebemos mais uma bela notícia, de que o professor foi condecorado membro da Ordem Nacional do Mérito Científico, fechando com chave de ouro o ano de 2010que foi recheado de louros ao CEDEPLAR.

Aos que não puderam ir, por estarem longe ou por compromisso de trabalho, segue aí a oportunidade de ver um pouquinho da homenagem e comemoração. Peço desculpas por não ter conseguido tempo de pegar o depoimento do professor João Antônio de Paula, o qual me garantiram que foi muito bom. E também desculpas pelos momentos que o video balança logo no começo, estava de pé no fundo para filmar.

Quem tiver o filme do professor João Antônio, assim como depoimentos dos professores podem compartilhar conosco aqui.

Discurso do Professor J.A.M. de Carvarlho.


ZÉ ALBERTO!!!



Há também o emocionante discurso do Exmº. Reitor Clélio Campolina Diniz



domingo, 19 de dezembro de 2010

A Economia e os Pênaltis


Essa semana chamou atenção um estudo econômico que vai ficar marcado para o conhecimento técnico do futebol e para as evidências de experimentos naturais em economia. José Apesteguia (Universidade de Pompeu-Fabra de Barcelona) e Ignácio Palacios-Huerta (London School of Economics) estudaram um experimento natural curioso: o cara e coroa antes dos pênalties no futebol. O estudo está para vir na próxima edição de uma das revistas mais tops de economia: a American Economic Review.

Como a maioria dos estudos vêm desde muito antes da publicação, encontrei um working paper desses mesmos dois autores (aqui na IDEA REPEC). Os autores utilizaram um banco de dados da Union of European Football Association (a UEFA) e possuem 262 informações sobre as decisões por pênaltis e 2.273 cobranças, realizadas no período de 1970 a 2008. Os autores lembram que a partir de 2000, o capitão ganhador do sorteio pode escolher entre seu time ser o primeiro a chutar ou chutar depois.

Pois então, há alguns detalhes técnicos que podemos descutir com os economistas e estatísticos aqui nos comentários. Os autores controlam a qualidade do time (pelo ranking da FIFA, para países, e o ranking UEFA para clubes) e se jogo é em casa de um dos times ou em campo neutro. Não encontraram nenhum efeito para as covariáveis acima, mas o resultado interessante é que o time que ganha no cara ou coroa tem uma chance maior de vencer a decisão. Para as decisões de penaltis com apenas 5 cobranças, essa chance chega a ser quase 100% maior do que para o time que bate em segundo. Essa chance se mantém para as decisões que se finalizam no sétimo e oitavos chutes. No sexto chute, caso os cinco primeiros fiquem empatados, eles encontram uma vantagem para o segundo a bater. A medida que a decisão se prolonga o banco de dados fica naturalmente com menos dados já que é difícil encontrar ocasioções de decisões empatadas até a 12ª rodada, por exemplo.

O resultado geral é que, de 1970 a 2008, o time que bate primeiro tem uma chance de ganhar 60% das decisões contra 40% do time que bate em segundo lugar. Muito interessante alguns dsdobramentos que os autores fazem. Se o time que bate primeiro mantem a dianteira na pontuação, sua chance de ganhar se amplia, do contrário, se o time que bate primeiro fica atrás, a chance de ganhar cai considerávelmente. Os autores concluem que há um efeito psicológico em se manter na dianteira e por isso o cara ou coroa chega a ser fundamental para o futuro dos times em uma decisão por pênaltis.

Esse efeito é sugerido pelos próprios jogadores e técnicos. Após a mudança da regra em 2000, os ganhadores do cara ou coroa, continuaram optando por bater primeiro e o motivo alegado foi a vantagem psicológica. Apenas um caso fugiu a regra nessa escolha.

Por fim, os autores recomendam, para anular a vantagem do time que cobra primeiro, a cobrança do pênalti duas vezes para cada jogador, seria como a lei da vantagem do tie-break no tênis. Se o batedor converte passa a chance ao próximo time, caso não converta de primeira, há a chance de converter na segunda. Eu acho que desse modo passariamos a ter outro problema, gols demais nas decisões dos pênaltis. E extenuantes decisões longas. Mas talvez seja mais justo mesmo.

Por fim, há um amigo que menciona sempre estudos que mostram qual é o canto mais provável de conversão ao se bater no chute à gol. Mas deixo esses estudos para outra postagem...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Entrevista Marcos Cintra C. Albuquerque

Amigos, nunca tive muito tempo de estudar tributação mais a fundo, o que estudei foi o modelo de tributação ótima, o modelo de Ramsey, impostos lump sum, tributação sobre o capital, trabalho, rendimentos e consumo, e teoria geral do setor público. Tudo no plano geral, sem aprofundar no sistema tributário nacional. Mas desde a graduação tenho conhecimento da proposta ousada do imposto único do professor Marcos Cintra da FGV.

Antes eu era menos favorável à proposta do imposto único sobre a movimentação financeira, pois ele não evitaria a tributação em cascata, assim como não controlaria totalmente a elisão fiscal. O fato gerador desse imposto, a movimentação financeira, não é necessariamente a geração de valor agregado e há alguns outros pequenos pontos que a teoria purista de tributação seria mais reticente em adotar esse imposto que, na prática, é o mesmo imposto da CPMF com uma alíquota um pouco maior em troca de uma baixa e extinção de outros impostos menos eficientes.

No entanto, minha opinião atual, principalmente após os estudos que o prof. Marcos Cintra menciona na entrevista a seguir, é de que os ganhos com a simplificação, maior eficiência arrecadatória, diminuição da alíquota total, e da carga tributária seria tão grande, que os benefícios para economia sobrepujariam em larga medida os efeitos adversos.

Para conversar um pouco mais sobre tributação com os leitores do Blog Economia Marginal, reproduzo aqui, na integra, e com autorização do editorial, entrevista do prof. Marcos Cintra C. Albuquerque, publicada na revista Tributação em Revista do Sindifisco Nacional, Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, de Abril de 2008:

A revista é de livre acesso, segue o link: N° 54.

ENTREVISTA DO PROF. MARCOS CINTRA À “TRIBUTAÇÃO EM REVISTA” Ano 14, nº 54 Abri-Set, 2008.

Publicação do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil.

TEXTO NA INTEGRA:

"O professor Marcos Cintra é economista, doutor e mestre pela Universidade de Harvard. É professor titular da Fundação Getúlio Vargas, da qual é, atualmente, vice-presidente. É articulista do jornal Folha de São Paulo e Gazeta Mercantil e colaborador nas áreas de política e economia de mais de 300 jornais em todo o país. Autor de 10 livros e inúmeros artigos especializados sobre finanças públicas, teoria econômica e agricultura, no Brasil e no exterior, é o idealizador da proposta do Imposto Único, projeto que defende desde 1990, e que o tornou um debatedor assíduo sobre reforma tributária no Brasil. É um crítico ferrenho do atual sistema tributário brasileiro. Foi Secretário de Planejamento do município de São Paulo em 1993. Foi eleito vereador por São Paulo, cargo que ocupou até 1996 e para o qual foi novamente eleito em 2008. Exerceu o mandato de deputado federal entre 1999 e 2003 e presidiu a Comissão de Economia, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados em 2001.

Foi membro da Comissão Especial de Reforma Tributária, Comissão de Finanças e Tributação e da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Foi secretário de Finanças da prefeitura de São Bernardo do Campo entre 2003 e 2006. É membro do Conselho Superior de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), do Conselho de Economia, Sociologia e Política da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) e presidente do Conselho de Economia da Federação de Serviços do Estado de São Paulo (Fesesp).

O que pensa a respeito da atual proposta de reforma

tributária?

A proposta de reforma tributária tem um defeito de fundo: não contribui para aumentar o número de contribuintes e assim reduzir a carga tributária individual. Ela centraliza a legislação do ICMS e quase cria um imposto único federal sobre valor agregado. Isto simplifica, unifica e pode resultar em economias operacionais e administrativas importantes para o governo federal. Mas, por outro lado, cria para o governo central um grande imposto cujos fatos geradores ser em grande parte coincidentes com a base do ICMS (a única exceção são os serviços que serão tributados pelo novo IVA-F, e não pelo ICMS, com algumas exceções). Os fatos geradores sofrerá tributação dupla, estadual e federal, cujas alíquotas devem ser somadas para caracterizar a carga tributária total incidente sobre eles. Com certeza sersuperior a 20-22%, o que deverestimular a evasão e a sonegação

Quais os problemas que o senhor identifica?

A proposta é limitada. Ela silencia sobre importantes tributos. Há inúmeros detalhes, alguns oportunisticamente inseridos em meandros pouco explícitos do projeto e que demandarão análise detalhada. Mas chamo atenção inicialmente para alguns aspectos gerais:

1 A reforma é parcial. Não abrange tributos como o IR, o IPI e os impostos municipais, contemplando apenas tributos sobre o consumo. É perfunctório quanto à desoneração da folha de pagamentos;

2 Não há indicações quantitativas sobre os impactos das medidas, e nem sobre alíquotas, bases e formas de cálculo. Convém lembrar que em matéria tributária o diabo mora nos detalhes;

3 Altera critérios de partilha fiscal. Como ponto positivo inclui novos tributos federais nos mecanismos de divisão da arrecadação. Por outro lado, dificulta a apuração para saber se Estados e municípios receberão mais ou menos recursos;

4 Desconstitucionaliza critérios de partilha do ICMS. Isso vai prejudicar as capitais e os grandes municípios brasileiros;

5 Critérios de partilha incertos. Os métodos de enforcement não estão claramente definidos, principalmente porque os repasses não serão de cima para baixo (União para Estados e Municípios). As transferências serão laterais (entre Estados). Não se sabe quanto vai custar a estrutura de fiscalização, quem irá fiscalizar e nem se os mecanismos de punição de estados que não repassarem o ICMS serão eficazes;

6 Incertezas dos impactos do ICMS no destino. As compensações pelo Fundo de Equalização são incertas e subjetivas, não dando garantias seguras aos estados perdedores;

7 Reforma protelatória. O governo pressupõe que governadores e prefeitos só pensam em seus respectivos mandatos e que aceitarão azedumes se ocorrerem daqui a dez ou vinte anos;

8 Nota fiscal eletrônica. uma medida ingênua e de difícil execução já que gera custos para sua instalação, não considera o ambiente sócioeducacional da população e nem que a informalidade é quase uma regra no Brasil. Será uma espada de Dâmocles sobre a cabeça dos estados na medida em que sua não implementação o fará com que eles não participem do Fundo de Equalização. Se o governo acha que ela resolve o problema da sonegação, é bom lembrar que basta tirar o aparelho da tomada que a operação não será registrada;

9 Abertura para a multiplicação de alíquotas. Os especialistas em IVA consideram ideal a existência de apenas uma alíquota ou no mínimo duas ou três.

O senhor tem abraçado causas polêmicas como o Imposto Único. Por que o imposto único?

A idéia de um imposto único sobre as movimentações financeiras nos bancos representa uma revolução na estrutura tributária e fiscal do País. A idéia é simples: eliminar todos os tributos arrecadatórios e substituí-los por um tributo sobre movimentação bancária, semelhante à CPMF, que foi um tributo testado e que funcionou bem e barato, insonegável e justo para todos, pois se todos pagam, cada um paga pouco. O Imposto único foi idealizado visando combater a principal anomalia do sistema que é a sonegação, reduzir o custo para o governo e para o contribuinte e simplificar nossa caótica estrutura de impostos. O projeto que cria o Imposto único Federal (PEC 474/01) foi aprovado por unanimidade por uma Comissão Especial criada para analisá-lo na Câmara dos Deputados e hoje está em condições de ser votado.

Como se enquadraria o Imposto Único dentro da atual proposta do governo federal de uma reforma tributária?

A reforma tributária vai voltar a ser debatida e o projeto do imposto único é a alternativa viável para o País racionalizar a estrutura de impostos. É o projeto que a sociedade deseja, conforme apuraram 3 pesquisas de opinião. Os institutos Datafolha, CNT/Sensus e Cepac divulgaram levantamentos nos últimos anos que mostram que duas em cada três pessoas que conhecem o projeto do imposto único são favoráveis a ele. O imposto único é uma proposta que beneficia tanto o governo como os contribuintes. O poder público vai arrecadar de forma automática, rígida e barata e os trabalhadores e as empresas terão uma carga tributária menor em relação à atual por causa da expansão da base de cobrança. Quem paga pouco imposto sonegando vai começar a pagar mais e quem é sobretaxado para compensar essa situação vai recolher menos. A redução do custo tributário para as empresas e a classe média alavancará o mercado consumidor e os investimentos e, assim, a economia poderá crescer a taxas mais elevadas por um período longo.

Como o senhor recebeu a notícia da rejeição da CPMF? Por que o senhor defendia esse imposto?

A abrupta redução de R$ 40 bilhões do orçamento foi um ato demagógico e irresponsável. Alertei que a queda da CPMF seria compensada aumentando outros tributos e cortando despesas, o que penalizaria os mais necessitados. Não é por meio de atos como a extinção da CPMF que a carga tributária será reduzida e a estrutura será racionalizada. Ademais, foi lamentável que se tenha extinguido um tributo simples e barato como a CPMF. Eu jamais defendi a CPMF como um imposto a mais. Sou favorável à técnica de arrecadação dela. Aliás, ela surgiu a partir da proposta do imposto único em 1990, mas, infelizmente, acabou se tornando mais um imposto que contribuiu para o aumento acelerado do ônus tributário imposto à sociedade nos últimos anos. A CPMF provou que o imposto único é viável no Brasil.

Críticos dizem que a CPMF era injusta porque o pobre pagava mais. O que o senhor pensa sobre isso? Sem o tributo os que ganham menos serão beneficiados?

É mais um mito que se criou na esfera tributária e muitos passaram a repetir isso sem qualquer embasamento técnico. Alguns estudos foram realizados para apurar se a tributação sobre a movimentação financeira é regressiva e o resultado desmente essa tese. Com base na POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) e na matriz interindustrial, ambas do IBGE, apurei que a CPMF representa 1,6% para uma pessoa que ganha um salário mínimo e 1,4% para outra de recebe mais de 20 salários mínimos, ou seja, é praticamente um imposto proporcional. No estudo Parâmetros Tributários da Economia Brasileira, publicado na revista Estudos Econômicos da FEA/USP (out./dez. 2006), os autores concluem que a CPMF é o tributo mais harmonioso da estrutura brasileira. Já a professora Maria da Conceição Tavares afirmou que é falso o argumento de que o imposto sobre circulação financeira penaliza os mais pobres, uma vez que em seus exercícios se constatou que as alíquotas efetivas são maiores para os mais ricos. Portanto, é falsa a afirmação que a CPMF é um imposto injusto porque o pobre é mais penalizado. O tributo é proporcional. O maior beneficiado pela sua extinção será o sonegador.

O senhor acredita que os parlamentares que votaram contra a CPMF se basearam em pesquisas que apontavam que a sociedade era contra o tributo?

Será que se fizesse uma pesquisa de opinião perguntando se o povo era contra ou a favor o imposto de renda, o ICMS, a Cofins, ou qualquer outro tributo, o resultado seria diferente? Será que a maioria diria que é a favor de algum tributo? Ninguém gosta de pagar imposto, seja no Brasil ou em qualquer lugar do mundo. Porém, esse é o preço que pagamos para viver numa sociedade civilizada. O povo não era contra a CPMF especificamente, mas contra a opressão tributária que assola nosso país, contra a complexidade que impõem pesados custos ao setor produtivo e contra a injustiça que obriga a classe média arcar com um elevado ônus para compensar por aqueles que sonegam. O que a sociedade deseja na verdade é um sistema simples e barato, situação que só a CPMF poderia proporcionar. Se tivesse que escolher entre acabar com a CPMF e manter impostos como o IR, o ICMS e a Cofins, por exemplo, ou mantê-la e utilizá-la para substituir outros tributos, o resultado seria parecido com um levantamento que fiz no ano passado onde 95% das pessoas disseram que preferiam a CPMF no lugar de outros impostos.

O senhor disse que a CPMF provou que o imposto único é viável para o Brasil. Como ele poderia ser implantado?

O ponto de partida poderia ser a PEC 474/01 que está no Congresso. Poder-se-ia acabar aos poucos com alguns tributos federais. A idéia é começar aliviando o ônus sobre a classe média assalariada, que é quem mais paga imposto no País. Seria extinto de imediato o imposto de renda das pessoas físicas e em seu lugar seria criado um IMF. Para estimular o aumento da oferta de empregos e a formalização de postos de trabalho, poderia ser extinto também os 20% de INSS cobrados sobre a folha de pagamento das empresas. São duas medidas que causariam um forte impacto positivo sobre os ganhos da classe média e sobre o mercado de trabalho. Depois outros impostos caros e complexos como a Cofins, o IPI e outros poderiam ser substituídos pelo IMF.

Qual seria a alíquota do imposto único?

O conceito de imposto único é um ideal a ser atingido. Idéia debatida há séculos. O problema é que nunca se conseguiu identificar um fato gerador que fosse suficientemente forte e amplo para permitir que com apenas um imposto o Estado Moderno arrecadasse o que ele necessita hoje para manter o seu nível de atividade. O grande problema sempre foi como identificar a base tributária, com alíquota baixa para evitar evasão fiscal e manter a carga tributária em 20%, 25% do PIB. E nunca se conseguiu isso. Eu já fiz o cálculo. Se eliminarmos todos os impostos no Brasil e ficarmos com apenas um tributo sobre movimentação financeira, a alíquota seria de 5,3% 2,65% no débito bancário e 2,65% no crédito bancário para mantermos a carga tributária em 36% do PIB, como é hoje.

O senhor acha que podemos caminhar para uma contribuição financeira que financie a Previdência brasileira?

Sim. Acho que vamos caminhar para isso. Essa proposta foi feita pela primeira vez em 1993 na famosa Comissão Ariosvaldo Mattos, presidida por Ariosvaldo Mattos Filho, diretor da escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas. Ele presidiu, a convite do então presidente da República, Itamar Franco, uma comissão composta pelos mais importantes tributaristas brasileiros. E uma das propostas que saiu naquele período foi exatamente esta. O sistema previdenciário brasileiro deve ser custeado com um tributo primeiro testado, com um tributo que incida sobre toda a sociedade. Porque o nosso sistema previdenciário não é um sistema de capitalização, é de repartição, é quase uma obrigação. É uma política pública de garantia de aposentadoria até o teto do governo.

Há viabilidade para se chegar a esse cenário?

Há interesse do governo em caminhar no sentido da chamada desoneração da folha de salário das empresas, que é a redução da contribuição patronal à Previdência, principal mecanismo de custeio do sistema previdenciário. A idéia seria desonerar, reduzir o imposto sobre a folha de pagamento e substituir isso por um tributo sobre movimentação financeira.

Esta é uma questão interessante, pois todas as conexões que tentam fazer, entre fato gerador e benefícios da Previdência Social, são abstratas. Como seria a alíquota desse imposto?

Seria um tributo com base ampla, de alíquota de 0,5% ou 0,25% na entrada e 0,25% na saída , que arrecadaria o mesmo montante de recursos que a contribuição patronal das empresas ao INSS, cuja alíquota é de 20% sobre a folha de pagamento. O mais importante é que não é apenas o Brasil que tem problemas de financiamento da Previdência. Porque essa vinculação entre a Previdência e o trabalho assalariado, ou folha de salários, está se desfazendo no mundo moderno. Hoje em dia, devemos levar em conta os processos de terceirização, autonomização no trabalho,

auto-emprego, poupança de mão-de-obra nos processos de produção. O que está acontecendo? A base tributária sobre a qual hoje se assenta o financiamento da Previdência está encolhendo em todo o mundo. E é uma base profundamente instável, varia de acordo com a conjuntura econômica. A Europa está discutindo essa questão ativamente encontrar uma nova base de financiamento da Previdência que não seja a folha de salários das empresas, que está encolhendo. E, na medida em que encolhe, aumenta a base de cálculo, incentivando a economia informal. No Brasil há um estudo do professor (Celso) Pastore que mostra que a cunha fiscal sobre o trabalho é de 100%. Ou seja, o trabalhador assalariado leva para casa hoje 50% daquilo que está custando para a empresa. Não é possível um sistema deste.

Conversando um pouco sobre desenvolvimento. Gostaria que o senhor comentasse sobre a relação, hoje, do desenvolvimento com o desenvolvimento das instituições.

Uma abordagem interessante é discutir tributação e desenvolvimento, como o professor Eurico Santi está fazendo na FGV. Essa interdisciplinaridade é importante, essa preocupação em romper barreiras e analisar fenômenos como um complexo social. E a idéia do desenvolvimento econômico hoje está passando por um processo semelhante. Hoje, os grandes teóricos do estudo do desenvolvimento econômico no mundo todo não estão mais seguindo a linha clássica, que era analisar taxa de poupança, taxa de investimento, relação capital-produto, porque se tinha a concepção de que o desenvolvimento econômico era o resultado direto da poupança. Isso não é necessariamente verdade há países que poupam muito e crescem pouco e vice-versa. Porque existem outros mecanismos que permitem o financiamento do desenvolvimento econômico. Aí se passou a um estudo de outras variáveis. Durante as décadas de 1940, 1950, 1960 e 1970 discutiu-se a questão da inovação tecnológica. Aí então o economista começou a concentrar sua preocupação não mais na poupança, mas no desenvolvimento tecnológico como o grande motor do desenvolvimento econômico. Mas esta tendência também está sendo superada. Hoje, quando se discute desenvolvimento econômico ele tem uma visão muito mais institucional e discute segurança jurídica, estabilidade institucional, boas instituições, boa educação, segurança, saúde, como componentes importantíssimos na definição de potencial de crescimento de uma economia. É essa visão interdisciplinar que está presidindo a preocupação com o tema desenvolvimento.

O senhor fala que hoje os economistas estão preocupados com as instituições, com a segurança jurídica, entre outros assuntos. Podemos passar para a discussão do gasto público e da reforma do Estado?

O Estado brasileiro hoje não é transparente. Não sei se em outros países poderíamos dizer a mesma coisa. Mas o Poder Público é muito transparente. Ocorre que ele tem regras de proteção, de autodefesa que acabam tirando a transparência do sistema. Só que o mundo moderno está ficando cada vez mais sofisticado. A globalização está fazendo com que conceitos antigos percam a validade. O Estado está perdendo capacidade até de tributar seus entes nacionais. A incapacidade de o administrador público entender o que se passa no mundo globalizado acaba tornando menos transparente o Poder Público. Hoje a proliferação de normas que regem a questão de preço de transferência é tão absurda que vai nos levar a uma Torre de Babel. Novos conceitos surgem a cada momento. Os dogmas tributários refletem ainda uma economia do século XIX. Hoje as empresas produzem de maneira descentralizada no mundo inteiro. No Brasil temos um problema muito sério. A sociedade brasileira é profundamente estadista. Ela adora o governo. O povo brasileiro depende do governo. É uma concepção diferente de Estado, por exemplo, dos povos anglo-saxões.

Mas estamos vivendo um processo no Brasil, apesar de todas as críticas que fazemos ao Estado, no fundo, estamos avançando. Acredito que o Brasil, apesar de todas as dificuldades que vivemos, finalmente está ponto de crescer como uma grande sociedade. Finalmente conseguimos nos inserir na comunidade financeira internacional como um país sério, do ponto de vista econômico, como uma alternativa de investimento confiável. E à medida em que isso acontece, as instituições vão melhorando. Aliás, este é um debate. São as instituições que geram crescimento ou o crescimento que gera boas instituições? A segunda hipótese parece mais provável. À medida que o Brasil cresce, vamos aperfeiçoando as nossas instituições e começamos a ter uma perspectiva de sermos uma sociedade mais progressista e de realizarmos uma sociedade mais justa, mais igual, mais igualdade de distribuição de renda. O Brasil vai melhorar.

Há um senso comum de que o sistema tributário funcionaria como uma “mão invisível” que regula a economia, cuidando da igualdade entre as pessoas. Mas, há também especialistas que defendem a tese de que esta “mão invisível” pode não agir por meio do sistema tributário, mas por via de incentivos financeiros. Qual é a opinião do senhor sobre essas diferentes posições?

Incentivo fiscal como instrumento de desenvolvimento econômico e de política pública é profundamente ineficiente. Os exemplos que temos no Brasil são gritantes e o mais impressionante de todos eles é a questão da Sudene. Esse órgão foi responsável por um grande programa de incentivo fiscal orientado para o desenvolvimento da Região Nordeste, que não gerou absolutamente nada do objetivo a que se propunha. Muito pelo contrário, houve desvio e má aplicação de recursos. Outro exemplo é a Zona Franca de Manaus, que tem profundas distorções econômicas. As empresas se instalam lá unicamente porque têm isenção do IPI, mas há um aumento de custos com deslocamentos. O incentivo fiscal é a maneira mais ineficiente de o Estado promover desenvolvimento econômico. Acho que tributação tem de ser universal em função da capacidade contributiva efetiva e que a transação financeira é a melhor maneira de se medir isso.

Tem de ser um sistema que não puna o sucesso. Sistemas excessivamente progressivos no mundo globalizado induzem à fuga de capitais. Hoje a Europa está reduzindo as alíquotas mínimas e uniformizando impostos para evitar esse fenômeno. Um sistema razoavelmente proporcional, ligeiramente progressivo e universal, para mim, é a melhor maneira de arrecadar. Com isso, o Estado pratica política social e de desenvolvimento via gastos públicos, o que efetivamente transfere renda. Desse modo, você consegue orientar melhor os recursos em vez de uma política de incentivos que é muito abrangente, apesar de o Estado não ser eficiente no direcionamento desses recursos. Portanto, isso é mais eficiente do que atirar com chumbo grosso em incentivos fiscais, que acaba não tendo controle de quem se beneficia".

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Cardápio de Leitura (Resenhas de Livros de Economia)

Caros leitores, selecionei alguns livros de economia para fazer curtas resenhas de leitura. Espero que seja útil para quem está procurando livros na área, seja para dar de presente no Natal, seja para dicas de leitura em eventuais férias ou tempo livre. A maioria desses livros eu li em aeroportos entre uma viagem e outra, alguns eu apreciei tanto que os li em prazo bem curto, menor do que uma semana, já outros, fizeram-se com uma leitura mais arrastada. Para quem é do ramo, tratam-se portanto de livros fáceis de serem digeridos por uma leitura corrida (ao contrário da leitura detida que algumas leituras epecializadas e de estudo requerem). São todos livros de economia ou estatística voltados para um público amplo.

A ordem dos livros está posta de forma um tanto aleatória mas com o viés de ter leituras mais recentes e que gostei mais em primeiro, no entanto há bons livros lá para o final da lista. Para cada livro há o título, nome do autor (ou autores), resenha, Editora, faixa de preços, número de páginas e Avaliação. A escala de avaliação é a seguinte:

Essencial > Muito Bom > Bom > Dispensável > Deplorável

É claro que essa classificação reflete meus gostos pessoais e dificilmente veremos Deplorável nessa lista, pois é uma lista de minha própria escolha já que não sou crítico profissional. Mas eu costumo a finalizar livros do qual não gosto então há uma chance deles aparecerem por aqui.

1. A Economia em Pessoa. Escrito pelo próprio Fernando Pessoa (não um de seus pseudônimos) e organizado por Gustavo H. B. Franco (ex presidente do Banco Central). Esse livro reúne 11 textos de Fernando Pessoa elaborados no tempo em que o poeta organizava uma revista de contabilidade e comércio. Na introdução há um belo texto de Franco contando a estrutura do livro e de como ele foi gestado e a idéia de associar a cada texto um conceito de economia moderna. Antes de cada texto, há uma pequena explicação do contexto, as explicações são curtas e não aborrecem, mas são um tanto desnecessárias, já que os textos que Pessoa ali nos deixou são atualíssimos. Pessoa foi um estudioso do comércio e da contabilidade. Trabalhava em firmas de representação comercial, e esse era seu ganha-pão, dado que veio a ser mais reconhecido pelos poemas no post mortem. E podemos dizer que ele levava braços ao comércio não sem uma dedicada paixão, já que abriu várias empreitadas comerciais e era dedicado a analisar aspectos das leis que facilitariam ou prejudicariam a atividade. A leitura é um deleite impar, os textos de Pessoa são de uma organização e de uma clareza de pensamento maravilhosa. Pessoa possui uma postura marcadamente liberal, o que é de fato interessante, aliava isso a uma posição moral que entendia necessária, pois julgava os estudos sociais ainda não serem ciência, e não sendo ciência, era possível desconstruir os intervencionistas que já existiam. Sua defesa do liberalismo ia um tanto pela fato da natureza do comércio, e do bem-estar por ele proporcionado, decorrer de uma forma naturalmente livre e não conduzida. Enfim, esse é um livro altamente recomendável. Pessoas como Pessoa fazem no tempo de hoje, e por cá, no Brasil, muita falta. Ed. Zahar. Preços de R$ 31,86 à 44,00. Pags: 173 .Avaliação: Essencial.

2. O Economista Clandestino. Tim Hardford. A proposta do livro é apresentar os problemas cotidianos que surgem na área de economia, e as soluções apresentadas pelos economistas a esses mesmos problemas. Muitos desses problemas as pessoas nem desconfiam que possa ter relação com economia, mas são na verdade temas muito estudados. Minha edição da Record traz uma capa com os dizeres: "Por que os ricos são ricos, os pobres são pobres e você nunca consegue comprar um carro usado decente". Esses dizeres dão um toque ireverente e Tim Hardford irá tratar de temas como preços no supermercado, planos de saúde, trânsito nas cidades, ecologia e desenvolvimento. Todos os temas já são microeconomia mainstream, porém, o alcance dessa economia ao grande público é um pouco difícil. Hardford logrou difundir esses temas conhecimentos e soluções dos economistas a um público mais amplo. Depois desse livro me tornei fã do seu autor, coloquei o blog do autor na listas de links sugeridos. Para um economista mais afinado com os temas de microeconomia (teoria da informação imperfeita, risco-moral, tragédia dos comuns, seleção adversa, teoria dos jogos, e economia comportamental) o livro não apresenta temas novos. O que muda é a forma de exposição que é muito didática, com bons exemplos para se utilizar e repassar o conhecimento em sala de aula. Eu adoto esse livro como leitura complementar em meus cursos (há também uma boa resenha um pouco maior que esta em realtrading). Ed. Record (Obs. Esse livro tem edição similar com foto de um ovo na capa: A Lógica da Vida, também da Record). Preços de R$ 35,70 a 44,90. Pags: 333. Avaliação: Muito Bom.

3. O Andar do Bêbado. Leonard Mlodinow. O andar do bêbado. Familiarizados com economia e estatística saberão o porquê desse título curioso. O Andar do Bêbado vem de random walking, passeio aleatório e quer dizer como uma série de dados se comportam aleatóriamente em torno de uma tendência. O bêbado tem um andar cambaleante (aleatório) mas mesmo assim consegue chegar em casa (tendência central), veja mais ou menos como funciona aqui. Eu ganhei esse livro de presente de uma forma um tanto por acaso, em um amigo oculto de livros onde as pessoas podiam "roubar" os livros umas das outras, em novembro de 2009. Como fiquei por último no sorteio, pude escolher, e o título que mais me chamou atenção foi esse. Pois bem, li o livro em uma semana e comprei uns quatro exemplares para presentear amigos. Mlodinow trata da história da estatístca com boas curiosidades sobre a formação de pensamento. Para os economistas, é interessante os tracks de confirmação apresentados. Exemplos de economia comportamental. O tema é de que a aleatoriedade tem um aspecto de imprevisibilidade e determinação mais importante do que lhe temos conferido. Esse é o mesmo tema de "A Lógica do Cisne Negro" que tratarei mas abaixo. Mas achei "O Andar do Bêbado" mais objetivo e fundamentado. Ed. Zahar. Preços de R$ 19,90 a 45,50. Pags: 261. Avaliação: Muito Bom.

4. Economia Sem Truques. Carlos Eduardo Gonçalves e Bernardo Guimarães. Um dos melhores livros de autores nacionais nessa linha de livros de economia para difussão ao público leigo. Uma boa resenha foi feita pelo prof. Rodrigo Menon Moita, que conheci em Brasília em curso preparatório da ANPEC (fiz a matéria de matemática com Cecília Menon, sua esposa). Utilizei um capítulo como referência de um artigo sobre a meia-entrada que estou escrevendo. O livro é cheio de interessantes casos exemplos, assim como o livro do Tim Hardford. Traz aplicações dos temas de microeconomia ao comportamento cotidiano, explorando bem os alcances das teoria dos incentivos, que levam as pessoas tomarem decisões baseadas em alguma racionalidade, e quais as consequências disso em uma série de medidas que temos. O livro desvela muita coisa que o conhecimento comum desconhece ou deixa de considerar. Esse livro em questão tem uma faixa de preços um pouco acima da média do mercado. Será que oferta e demanda explicam? Ed. Campus. Preços de R$ 41,80 a 54,90. Pags: 224. Avaliação: Muito Bom.

5. Econopower. Mark Skousen. Skousen é um economista declaradamente austríaco, isso o põe na linha de ser mais libertário e liberal do que os economistas mainstream. Mas uma das boas vantagens de Skousen é que ele não desconsidera as vantagens dos conhecimentos adquiridos na principal corrente da economia. Então o livro se propõe a tratar de temas diversos, e Skousen se propõe a lançar um olhar austríaco sobre a pauta neoclássica. Creio que ele foi bem sucedido, Econopower é um livro mais cadenciado do que os demais livros de economia para leigos, trata de mais assuntos na forma de capítulos curtos. Acho que os economistas mais tradicionais vão apreciar mais o Econopower, pois apresenta os conceitos novos de uma maneira mais a antiga, isso é uma vantagem, pois o livro ficou organizado e autor conseguiu pôr 37 capítulos em 243 páginas, os capítulos são curtos e agradáveis de ler. Por não ser da nova geração, Skousen não se apropria muito bem de alguns conceitos, faz uma defesa do padrão-ouro e pequenos pontos ocasionais que não comprometem o resultado. O preço pode estar um pouco salgado, mas ressalto o poder de concisão de Skousen. Ed. Campus. Preços de R$ 44,03 a 73,00. Pags: 243. Avaliação: Muito Bom. Confiram a capa da edição em inglês, mais divertida, não?!

6. Freakonomics. Sthepen Dubner e Steven Levitt. Surpresa! Eu li Freakonomics já há algum tempo e farei a resenha de memória não tão recente. Esse foi o livro que revelou aos editores que economia pode vender bastante. O livro é muito bom traz casos inesperados e tem um raciocínio lógico bastante fino. O livro é leitura importante, pois apresenta alguns achados úteis da área microeconômica e comportamental, tal como aquele de que a criminalidade pode estar realcionado à queda da fecundidade e a políticas que permitiam o aborto, que nomes e a indicação de raça implicita neles, podem incutir uma discriminação salarial, e que a mais honesta das pessoas reage a incentivos e que sistemas são falíveis, como o caso de professores recompensados pelas notas dos alunos tentados a adulterar as notas. Recomendo esse livro mais aos não-economistas, pois os achados serão mais reveladores para estes. mas alerto que tomem cuidado, o texto conduzido principalmente por Dubner, é uma leitura por demais enaltecedora dos trabalhos científicos de Levitt. O que Dubner apresenta como achados extraordinários e feitos de uma inteligência sem igual de Steven Levitt, nada mais são do que uma forma corriqueira de pensar e de analisar os problemas de economia. Na verdade, esse livro tem também o efeito perverso de fazer parecer que achado bom é aquele imprevisto, e não é muito assim, existem uma série de achados relatados em freakonomics que requerem maior rigor causal. Mas de uma forma geral os resultados que o livro mostra são importantes de serem conhecidos. Ed. Campus. Preços de R$ 41,76 a 66,90. Pags: 360. Avaliação: Bom (uma dica boa é o blog do Freakonomics).

7. Economia do Ócio. Bertrand Russel e Paul Lafargue. Organização de Domenico de Masi. Como um livro de tão poucas páginas pode ser tão essencial como esse? Nesse pequeno livro de 183 páginas de Masi organizou os dois clássicos autores que trataram de como a sociedade pode migrar de onde muitos trabalham para sustentar o ócio de poucos, para uma sociedade com mais opulência onde o leitmotiv seja o lazer e bem estar cultural proporcionado por um mundo onde o homem não seja escravo do próprio trabalho. Bertrand Russel é o conhecido matemático e filósofo da virada do século XIX para o séc XX, socialista moderado, pregava uma mudança para o socialismo por meio do convencimento, pacifista e favorável ao livre comércio. Grande parte de suas idéias continuam atuais, os excertos de Russel nesse livro são da coletânia Elogio ao Ócio, nessa coletânea Russel apresenta o argumento que devemos desapegar da ética do trabalho que faz com que se trabalhe e corra sempre atrás do tempo, o livro é de 1935 e já há pontos debatendo os pontos falhos do keynesianismo e sua enfase no trabalho (mesmo que inútil) apresenta também pontos contra o marxismo em vigor e acensão naquele momento. De particular interesse aos economistas é o capítulo "Finanças do Ócio" em que discorre sobre a inutilidade do padrão-ouro. E de como os resultados de crise de 1929 poderiam em grande parte serem evitados se houvesse mais racionalidade no tratado de Versalhes. O socialismo e algumas soluções de B. Russel são ainda utópicas e controversas, naquele tempo acreditava-se ainda, ser possível um perfeito planejamento central, talvez porque o mundo fosse mais simples, a guerra havia sugerido que algum planejamento era possível para nortear a economia, porém parte-se de uma premissa que hoje não se confirma: "Sem dúvida é possível o governo cometer erros de cálculo, mas é menos provável que o faça do que o indivíduo privado, pois tem à sua disposição um conhecimento muito mais completo da realidade". Mas aí se incorre no erro de que era possível se processar racionalmente informações, mas isto se revelou impossível por meio das experiências soviéticas e de outros países com regime econômico de controle. No mais, os erros são de diferentes proporções, no lado privado quando um indivíduo ou firma erra, outro estará em outro ponto, acertando, no caso do estado o erro de estado pune a todos indistintamente. Nos pontos controversos sobram uns aforismos que podem ser considerados dentro do senso de humor do autor: como na questão de que as mulheres educadas perdiam muito tempo com cultura inútil e escolhendo caros e ridículos chapéus (aquele trabalho poderia ser usada para coisa mais proveitosa) ou poderíamos ainda hoje concordar com a afirmação de que "Hoje em dia, os livros sobram em quantidade na mesma proporção em que carecem de qualidade", mas essas são questões de gosto e Russel está sendo muito pouco utilitarista nesse ponto. Paul Lafargue era um pensador francês e socialista, mas também defendia uma revolução pela libertação do trabalho, ressaltando aspectos caros aos socialistas que são a abundância material e o combate à loucura da superprodução. Seu ponto principal é de que a burguesia havia incutido um ideal de trabalho aos pobres que colocava os trabalhadores em condições sub-humanas por motivos desnecessários, já que toda aquela mercadoria não seria vendida. Aponta ainda que o natural do homem é o não trabalho e aponta essa contradição na recém assinada carta dos direitos humanos à frança, que pregava o direito ao trabalho. Mas o trabalho para os mais pobres naquele tempo era punição pior do que a escravidão. Ed. Sextante. Preços de R$ 19,90 a 19,90. Pags: 183. Avaliação: Essencial.

8. A Lógica do Cisne Negro. Nassim Nicholas Taleb. Taleb é um cético, arrogante, iconoclasta e pouco educado autor. Ele ataca Deus e o mundo salvando alguns poucos gatos pingados de sua predileção. Como Taleb não tem papas na língua, também não terei freios ao criticar o livro dele. O ponto do Taleb é algo parecido com o de Mlodinow, Taleb ressalta o papel do imponderável, de que não dá para prever acontecimentos baseados apenas em informações passadas. É muito interessante o didatismo de Taleb na exposição de coisas que pertencem ao Mediocristão e de coisas do Extremistão. Na linguagem do autor Mediocristão é o país onde as coisas são regidas por uma distribuição normal e se tornam relativamente fáceis as previsões. Taleb estabelece que fenômenos físicos conhecidos como altura e peso das pessoas obdecem a essa regra, um grande desvio de peso de uma pessoa não impactará demais na média. O contrário ocorre no Extremistão, onde a curva normal não tem vez, Taleb tem ojeriza da curva em formato de sino, mas isso vem de que ele não a conhece muito bem. Na verdade, Taleb não parece conhecer muito bem de estatística e provoca dizendo que a Normal é a GFI - Grande Fraude Intelectual. Dedica a parte três do livro a um malogrado ataque à curva normal. Mas os argumentos de Taleb são falhos. O autor está certo em ressaltar que ele não precisa "provar" uma outra distribuição para desqualificar a normal, inclusive Karl Popper faz parte de um dos eleitos que Taleb coloca em um pedestal. Está certo em mostrar casos em que a normal não funciona e mostrar que quem confia piamente costuma errar previsões. No entanto, refutar um argumento não mostra que o seu argumento alternativo está correto (não há confirmação de hipótese) e Taleb parece convenientemente esquecer disso. Pra finalizar a crítica eu diria que Taleb tem contato com gente muito ruim de serviço e não sabe nada de estatísticos. Na verdade, estatística não é SÓ pra fazer previsão, eu diria que esse é um campo menor de aplicação da estatística. Muitos dos contra-exemplos de Taleb não funcionam porque após uma transformação, logarítmica ou outra transformação qualquer, as distribuições a que ele se refere passam a ser normais. E os estatísticos possuem uma ampla gama de conhecimento de outros fenômenos não regidos por uma normal, e muitos ressaltam que o papel da matéria é pela explicação de fenômenos e não a sua previsão. Eu sou a favor do ponto de que previsões são logicamente imponderáveis e tenho minha própra coleção de exemplos que mostram situações em que economistas erraram fragorosamente ao tentar fazer previsões, mas acho que Mr. Taleb está muito por fora, ele tenta ser um iconoclasta, mas para isso é necessário muito mais substância sobre o que se está dizendo, coisa que Taleb não faz. Ele tem muita erudição e é um cético contra o platonicismo que às vezes leva a inutilidade, o que é coisa muito boa, mas é metido e arrogante e desrespeita o leitor. Ao longo do texto ele faz um chiste com o nome de uma autora chamada Yevgenia, que não existe e ao final ele não diz de quem se trata a tal mulher ou se é ficção de sua própria autoria. O livro poderia ter uma avaliação boa se Taleb encurtasse o número de páginas e fosse mais objetivo. Para a minha avaliação, ele me fez um calhamaço de 457 páginas onde 350 foram puro desperdício de tempo. Ed. Best Seller. Preços de R$ 26,91 a 39,90. Pags: 457. Avaliação: Dispensável.

9. De Cuba com Carinho. Yoani Sánchez. Acho que esse livro será muito importante para entender a fase atual de transição do regime Cubano. Cuba caminha para uma maior liberação pela simples falência do regime socialista. E a blogueira Yoani Sanchez (do blog Geração Y) que ficou famosa por amar Cuba, mas lutar para ter acesso à parca e precária internet da ilha e por apontar os inúmeros defeitos e contradições presentes cotidianamente no seu país. O próprio nome do blog da autora é um caso curioso de como a manifestação controlada de alguns canais de comunicação, no fim dos anos 70 e início dos anos 80, levou toda uma geração de pessoas a batizarem seus filhos com a letra Y na inicial do nome, uma manifestação silenciosa pela diferença. Yoani Sánchez conta situações criadas pelo controlismo social e econômico e o absurdo que isso gera, não é necessariamente contra o socialismo, mas a favor da liberdade, o que a torna um arauto, divulgadora das ânsias de libertação das pessoas da ilha ,que querem poder desfrutar o mundo com liberdade e igualdade. Os textos são retirados do blog da autora, mas achei importante a compra do livro, espero que boa parte do dinheiro vá mesmo para Yoani, acho a leitura importante para os que amam a liberdade. E mesmo que não intencionalmente, Yoani defende um sistema que só a liberdade capitalista pode proporcionar. Ed. Contexto. Preços de R$ 25,41 a 33,00. Pags. 204. Avaliação: Muito Bom.

10. O valor do amanhã. Eduardo Giannetti. O valor do amanha ficou conhecido por uma série que apareceu no fantástico. O livro trata do papel do tempo na decisão das pessoas. Como as pessoas racionalizam o tempo, como tomam decisões racionais considerando os seus efeitos. Giannetti fala das taxas de juros biológicas, sobre a persistente subestimação do futuro. É quase um tratado sobre os juros e sobre as decisões no tempo. Giannetti escreve de maneira admirável e o livro perpassa temas tais como poupança e investimentos, decisões de consumo, tempo e dinheiro e o envelhecimento e atitudes intertemporais. Conclui o livro falando sobre quais são as implicações sobre o desenvolvimento. Ed. Companhia das Letras. Preços de R$ 37,80 a 52,00. Pags: 337. Avaliação: Muito Bom.

11. Gobalização e seus malefícios. Joseph Stiglitz. Eu já gostei mais desse livro, talvez seja por tê-lo lido há muito tempo atrás, hoje acho algumas de suas conclusões parecem incorretas , o diagnóstico é simplista e a atribuição de causalidade muito rápida. Existem vários defeitos nele, a começar pelo título, ao contrário do título o livro não irá falar de Globalização, mas sim da orquestração das finanças globais dada pelo FMI e dos empréstimos do Banco Mundial. A postura de Stiglitz é bastante crítica à atuação do Fundo Monetário e aos empréstimos do Banco Mundial. Em verdade, esse livro marca um turning point na carreira de Stiglitz em que ele passou a ser menos um economista acadêmico e mais um economista midiático. As críticas do autor se pautam mais no processo de condução da transição do regime socialista do leste europeu, mas ele confere um peso demasiado do FMI tanto no combate quanto no papel de retirada dos países da pobreza e na determinação de crises e bom desenvolvimento econômico. O receituário dele é um Keynesianismo renovado, em alguns casos creio que correto, no caso dos países do leste europeu Stiglitz trabalhou o ponto de melhor forma em "White Socialism". No caso dos países asiáticos, acho que seus ataques são um tanto inapropriados. Ed. Futura. Preços de R$ 54,00 a 54,00. Pags. 325. Avaliação: Dispensável. (Há uma resenha mais favorável do Henrique Chagas, aqui).

12. Sexo, Drogas e Economia. Diane Coyle. O melhor desse livro é o nome. Sexo drogas e economia pretende ser mais um livro descolado de economistas, mas não consegue surtir muito efeito. A tradução para o português está mal feita, trata regressões econométricas como se fossem regressões ao passado da psicanálise. Além deste há mais alguns outros absurdos como "taxa de interesse" que não foi traduzida para "juros" e coisas do tipo. Isso não poderia comprometer a coitada da autora que não tem muito haver com a tradução que fizeram do seu livro. Mas afora a tradução o livro é fraquinho. Traz casos interessantes de aplicação da economia aos temas do sexo e das drogas e estão bem conduzidos esses capítulos. Assim como um capítulo em defesa da economia. Diane Coyle é uma jornalista de economia reconhecida, mas em alguns pontos ela não domina o assunto com muita propriedade e o capítulo dos efeitos da radiação solar na economia ficam mal postos no livro e o comprometem. Além de passagens por demais simplificadoras que demonstram não uma clareza de exposição mas sim uma não-compreensão completa do tema. Ainda assim o livro é bom de ler. Ed. Futura. Preços de R$ 44,00 a 44,00. Pags. 325. Avaliação: Dispensável.

As pesquisas de preços foram feitas utilizando o buscador buscapé.

Prováveis próximos participantes do Cardápio de leitura:

1. Most Harmless Econometrics. Angrist e Pischke.

2. Animal Spirits. Akerlof e Shiller.

3. Salvando o Capitalismo dos Capitalistas. Rajan e Zingales.

4. A revolta de Atlas. Ayn Rand.

4. O banqueiro dos Pobres. Yunus.

5. Alan Greenspan. Biografia de Alan Greenspan.

6. Sob a Lupa do Economista. Carlos E. Gonçalves.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Mais sobre o PISA e a educação no Brasil

Pessoal, duas excelentes matérias sobre educação na TV Globo:

Hoje no Jornal da Globo (detalhe) uma boa análise sobre o quadro geral e os Temas que o Pisa proporciona.

E um pouco antes no Profissão Repórter, o dia a dia de algumas escolas.

PISA - Programme for International Student Assessment

Foi recentemente divulgado mais uma rodada do exame internacional que compara o desempenho de estudantes em leitura e matemática, o PISA - Programm for International Student Assessment. Os resultados do Brasil voltaram a melhorar depois de uma queda no triênio 2003-2006.

O estudo é organizado pela OCDE - Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, e conta com mais participantes além dos países membros. O Brasil já participa há quatro rodadas e a avaliação é realizada uma vez a cada três anos desde 2000. Foi um progresso muito importante para o Brasil ter solicitado sua participação, a lista de países participantes convidados só ampliou após os primeiros exames, começou com 43, teve uma pequena queda para 41 em 2003, e hoje conta com 65 países participantes. Atualmente o PISA é um tremendo sucesso, servindo para nortear tantos os estudos de pesquisa educacional, quanto as políticas públicas dos países.

Fonte: http://www.oecd.org/pages/0,3417,en_32252351_32236130_1_1_1_1_1,00.html


São avaliados alunos de 15 anos de idade (idade correspondente ao nosso início de ensino médio) e confrontados na pesquisa diversos fatores do desempenho educacional dos estudantes, através de um questionário. Além disso, é utilizada uma escala que permite a comparabilidade dos escores ao longo dos anos.

Um dos maiores desafios agora é como fazer uso dessas informações de modo a direcionar as políticas públicas de forma a manter uma evolução contínua dos ganhos escolares e do aprendizado. Para isso o Brasil conta também com suas próprias avaliações de proficiência como a prova do SAEB (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) e o sistemas estaduais (tal como o SIMAVE de Minas Gerais).



Sabemos que o ensino no Brasil é desigual e lento (difícil assimilação do conhecimento), esse fato é réplica das desigualdades existentes no país. O sumário executivo da OCDE de 2006 aponta que 46,6% da variância das notas é devida a diferença intra escola (ou seja entre alunos de uma mesma escola), 41,4% da variância é entre escolas, características de escolas diferentes, determinando diferença no resultado final. Os 12% restantes são da variância não explicadas pelo modelo.

Resultados do Exame de Leitura (média dos países)

1 China (Xangai) * 556
2 Coreia 539
3 Finlândia 536
4 China (Hong Kong) ** 533
5 Cingapura 526
6 Canadá 524
7 Nova Zelândia 521
8 Japão 520
9 Austrália 515
10 Holanda 508
11 Bélgica 506
12 Noruega 503
13 Estônia 501
14 Suíça 501
15 Polônia 500
16 Islândia 500
17 Estados Unidos 500
18 Liechtenstein 499
19 Suécia 497
20 Alemanha 497
21 Irlanda 496
22 França 496
23 Taiwan 495
24 Dinamarca 495
25 Reino Unido 494
26 Hungria 494
27 Portugal 489
28 China (Macau)** 487
29 Itália 486
30 Letônia 484
31 Eslovênia 483
32 Grécia 483
33 Espanha 481
34 República Tcheca 478
35 Eslováquia 477
36 Croácia 476
37 Israel 474
38 Luxemburgo 472
39 Áustria 470
40 Lituânia 468
41 Turquia 464
42 Emirados Árabes Unidos 459
43 Rússia 459
44 Chile 449
45 Sérvia 442
46 Bulgária 429
47 Uruguai 426
48 México 425
49 Romênia 424
50 Tailândia 421
51 Trinidad e Tobago 416
52 Colômbia 413
53 Brasil 412
54 Montenegro 408
55 Jordânia 405
56 Tunísia 404
57 Indonésia 402
58 Argentina 398
59 Casaquistão 390
60 Albânia 385
61 Qatar 372
62 Panamá 371
63 Peru 370
64 Azerbaijão 362
65 Quirguistão 314

*Municipalidade autônoma
**Regiões administrativas especiais

Fonte: http://www.oecd.org/dataoecd/34/60/46619703.pdf




sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

E la Nave Vá

Pois é, foi aprovado no congresso o projeto para divisão dos Royalties. Relembrando análise que fiz neste blog em 12/06/2010 mostrando que, por vezes, a divisão igualitária é pior por impedir investimentos completos.

Agora a emenda do deputado de Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) depende de sanção (ou veto) do presidente Lula. Ouça o comentário da Lucia Hippolito hoje na CBN:

http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/lucia-hippolito/LUCIA-HIPPOLITO.htm

O interessante é que a Lucia não fala em externalidades, mas adota um argumento de propriedade muito próximo àquele que abordei no post de Junho.

A conferir a decisão sobre a emenda.