sábado, 26 de dezembro de 2009

Paul A. Samuelson

Morreu no último dia 13 de Dezembro de 2009, o economista norte americano Paul A. Samuelson, ao qual todo economista formado na segunda metade do século XX deve imenso tributo. Em verdade, as contribuições de Samuelson foram de tal envergadura que a economia que conhecemos hoje não teria sido a mesma sem sua presença e contribuição.

Ensinamentos de Samuelson que particularmente me marcam bastante são a "condição de Samuelson" que diz que a soma das Taxas Marginais de Substituição de bens públicos e privados deve ao menos equivaler a relação de preços entre bens públicos e privados. Esse achado deriva de todo seu esforço para entender uma teoria geral do consumo e de como é possível agregar preferências individuais distintas. Um dos seus ensinamentos presentes até hoje, é que se a soma da TMS for maior que a relação de preços bens públicos e privados a economia está sujeita a presença dos free riders. No caso onde a soma das TMS é insuficiente ocorre uma ineficiência de pareto com a subprovisão de tais bens.

Outro desenvolvimento teórico muito importante trata das taxas de juros em condições perfeitas. Samuelson desenvolveu uma excelente análise teórica de como os juros surgem para compensar a poupança ou a perecibilidade de certos bens de consumo e capital. Samuelson propõe então um pequeno e simples modelo teórico mostrando como funcionaria uma economia sem poupança acumulada (imagine uma economia só de bens de consumo). Provou que apenas com transferências de moeda intergerações pode-se através dos juros e empréstimos, se situar em um melhor ponto. Ele estabeleceu uma relação entre taxa de juros e crescimento vegetativo mostrando também as suas armadilhas e quebra-cabeças. É um modelo que nos ensina muito sobre o poder da moeda, formas de financiamento da previdencia social, funcionamento da dívida pública e relações de troca. E desvenda até sobre aquilo que não aborda: a transferência de capital entre períodos.

Não menos importante é o estudo do Heckscher-Ohlin, um bonito desenvolvimento da teoria de comércio internacional. É uma extensão do entendimento das vantagens comparativas e permite compreender como podem "surgir" vantagens comparativas advindas de recursos naturais ou do desenvolvimento em diversos tipos de Especialização. Foi um aperfeiçoamento do modelo sobre o qual alguns autores, devido as valiosas contribuições de Samuelson, também denominam de modelo Heckscher-Ohlin-Samuelson, ou modelo 2x2x2, dois fatores, dois produtos e dois países. Como conclusão desse modelo, obtemos que apenas pela troca comercial de produtos, com a equalização de seus preços, haveria também uma tendência à equalização dos valores dos fatores de produção. Um país com abundância de trabalho não especializado venderia mais produtos, obtendo uma melhoria de renda (R = Pt x Qt), essa melhoria de renda é também acompanhada por melhoria da participação dos salários na renda (w/R), isso ocorre pois ao se exportar mais, o fator mais abundante é cada vez mais empregado favorecendo o seu preço relativo. Vem daí o influente trabalho em co-autoria com Wolfgang Stolper: teorema de Stolper-Samuelson, que afirma que no modelo 2x2x2, o preço dos fatores acompanha a valorização dos preços relativos.

É também vasta a influência de seu trabalho sobre dinâmica macroeconômica dentro do que é considerado seu primeiro livro importante: "Foundation of Economic Analysis" no qual o autor revisita a contribuição econômica nas teorias da produção e do consumo e está intrísecamente preocupado com o equilíbrio e suas condições desviantes da função de bem-estar social. Não é à toa que desse livro seminal resultou a proposição do teorema que viria a ser batizado posteriormente como Axioma Fraco da Preferência Revelada, que estabelece que um consumidor que prefere x a y continuará manifestando essas preferências se mantido o poder de compra e forem acrescidos mais bens z's. Ou seja, o consumidor é consistente e a introdução de novas possibilidades não viola sua transitividade, z pode ser melhor ou pior que x, ainda sim x é preferido a y. Esse é um achado importante, pois nos permite confiar na utilidade dos índices de preço e quantidade que nós usamos por aí a fora, que nos dizem que aumentos de preços deixam o consumidor pior, diminuições o deixam melhor. O axioma é a prova disso, ele é dito "fraco" pois requer poucas pressuposições a priori acerca da utilidade dos consumidores. Mantido o poder de compra da cesta de bens que o consumidor preferia em uma situação 1, no momento 2, a possibilidade de comprar essa mesma cesta indica que o consumidor ou está na mesma ou então em situação melhor nesse segundo momento.

Pois então, quando o nível geral de preços se eleva, o indice de preço de Laspeyres, que mantém a cesta inicial, indica apenas duas possibilidades: quando não há mudanças de nenhum dos preços relativos (nem do salário) o consumidor deve escolher a mesma cesta anterior, gráfico 1; no caso e mudanças de preços relativos, restaurado o poder aquisitivo da cesta anterior (aumento do salário para comprar a antiga cesta), o consumidor deve estar igual ou em melhor situação, gráfico 2.

Na parte dinâmica do Foundation Samuelson une com eficácia e sintese as proposições agregativas e traz para a economia as equações diferenciais e a forma de raciocinar sobre esses assuntos que eram próprias da física e engenharia, interpretando equilíbrios dinâmicos maximizadores ressaltando como as coisas são mais complexas do que supunha a mera estática comparativa.

Samuelson é também conhecido por uma larga geração de economistas por um livro-texto campeão de vendas no Brasil e no mundo todo: trata-se do Introdução à analise Econômica, ou simplesmente conhecido como "Economia". Eu tenho um excelente volume da extinta editora AGIR, é uma tradução da 9ª edição norte-americana encadernada em dois volumes (coisa que hoje em dia é algo como um suicídio editorial) . No verbete sobre Samuelson do "Novíssimo dicionário de economia do século XXI" do prof. Paulo Sandroni encontramos que Economia "foi o manual de economia mais lido e traduzido em todo mundo. Esse livro rompeu, na forma e no conteúdo, com o modo tradicional de expor o assunto, fazendo uma clara distinção entre a parte dedicada à microeconomia e a análise macroeconômica, definida como "o estudo do desempenho geral de todo o Produto Interno Bruto e do nível geral dos preços"". É um excelente livro que moldou todos os livro-texto norte americanos vindos posteriormente. Se você acha o Krugman parecido com o Stiglitz & Walsh, que por sua vez se parece com o Mankiw, que parece com Wonnacott & Wonnacott, saiba que todos eles se parecem com o 'Economia' do Samuelson, inclusive na ordem e maneira de tratar os problemas e na escolha de alguns métodos didáticos e exemplos.

Mas o livro de Samuelson é superior, pois apresenta com muitos mais detalhes a exposição dos temas e situa uma discussão mais completa sobre as diferentes correntes teóricas além de um exelente capítulo sobre o entender científico na economia. Em suma, é um livro que ainda hoje é editado em colaboração com Nordhaus e que eu ainda acho útil a leitura de alguns capítulos, tanto para os que aprendem economia agora quanto para os economistas seniors.

Samuelson é devido seguidor de Hicks, Marshall, Walras, Jevons, Slutsky e outros grandes. Os pontos keynesianos sem sombra de dúvida participam de suas preocupações, seus pares ressaltam seu imenso comprometimento com a evidência emprírica. Mas há algo um pouco além disso. Revendo trabalhos de Samuelson que tive a oportunidade de ler, o que felizmente não me foram poucos pois é um dos meus autores diletos, parece me que há algo próximo da própria definição de beleza e creio que sempre quando encontramos isso em trabalhos científicos estamos diante de algo de fato importante, perene, que para humanidade parece mesmo eterno. Um brinde à beleza do trabalho de Samuelson!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Desenho do Programa?!

Uma área importante da Avaliação de Programas é o estudo do Marco Lógico, ou do chamado Desenho do Programa. Isso quer dizer um plano geral para o programa seguir, mas mais do que isso, o desenvolvimento de questões relacionadas, um plano lógico de contenção de quais os insumos necessários e quais os produtos pretencem a sua função-objetivo. Em setembro desse ano participei do II seminário sobre Qualidade do Gasto Público promovido pela Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul. Foi uma excelente oportunidade para falar sobre Marco Lógico. Segue o Slides (No Link há também as demais apresentações, vale a pena conferir).

Essa apresentação só foi possível graças ao bom livro do prof. Michael Bamberger, Jim Rugh, Linda Mabry, o Real World Evaluation. O Bamberger veio à Fundação João Pinheiro em 2008. Além disso, agradeço a Lycia Lima que me passou a dica do livro e por dois slides que usei da aula de Avaliação Social de Projetos do curso de Adminitração Pública da FJP.




E em Junho, tivemos pela Fundação João Pinheiro, FAPEMIG e Banco Mundial, o II Seminário da Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação. Lá tive a idéia da charge abaixo, é meio Calvin e Haroldo, minha intenção era colocá-la logo no final da apresentação aí de cima, mas não tive tempo de digitalizar a imagem que ficou lá na sala. Só hoje consegui e com efeito, publico a charge aqui. Uma dica aos interessados na avaliação de programas é filiar-se à Rede Brasileira de Monitoramento e Avaliação, para entrar em contato com pesquisadores do Brasil e internacionais que se dedicam ao tema. A filiação é de graça, basta apenas colocar a intituição a que pertence e aguradar aprovação do moderador. Bons estudos!

domingo, 15 de novembro de 2009

Sete Mitos sobre a Educação

A Educação é tema muito explorado pelos economistas, o interesse pelo assunto vem desde A. Smith e outros autores clássicos. No século XX essa área cresceu bastante, tanto que as diversas contribuições dos economistas são levadas em conta por as outras áreas que dedicam ao assunto, inclusive na pedagogia.

A tradição sobre a pesquisa no assunto está relacionada com a importância do trabalho para a constituição do valor para a sociedade. O fator humano é essencial para a construção de uma sociedade mais pujante, isso se reflete no PIB e em diversos indicadores sociais que os economistas usam para monitorar e promover o progresso cultural e econômico da sociedade. A educação é componente essencial do trabalho, a criação humana se inspira tanto na criatividade quanto no conhecimento. Uma sociedade ou pais se torna mais próspera quando sabe gerar e aproveitar novos conhecimentos produtivos e idílicos e quando consegue incorporá-los com rapidez e facilidade.

Na última segunda-feira, a Folha de S. Paulo enumerou sete itens, chamados de "mitos", sobre o que pode ser feito para melhorar a qualidade da educação. Para o Brasil essa questão é muito importante, pois além de ser um dos gargalos para o melhor desenvolvimento do país, há inúmeros problemas que precisam ser equacionados para se conseguir um melhor patamar de educação, condizente com países que possuem maior sucesso nesse campo.

Em minha dissertação, estudei o que pode ajudar na formação das melhores e mais eficientes escolas (ou seja, aquelas escolas que conseguem ajudar seus alunos de melhor maneira possível, tendo como referência provas de proficiência em matemática e português). Um dos pontos levantados é que escolas com infraestrutura básica são essenciais para o bom ensino, entretanto, aumentar o 'capital' das escolas per si não garante melhor desempenho como afirma a matéria do jornal. Em artigo síntese escrito para Política Econômica Aplicada, mostramos que alguns itens de infraestrutura em demasia, como televisores, video-cassete, salas multimídia, entre outros, atrapalham o desempenho da média dos alunos. A tese é de que muito provavelmente são itens subaproveitados ou desperdiçados. Na contramão dessa evidência, a presença de computadores e laboratórios parece sim contribuir para um desempenho positivo, mesmo quando a presença dos consumidores ocorre apenas para fins administrativos.

Mas nenhuma solução para a educação é de curto prazo, reproduzo aqui então, os mitos apontados pela folha que apontam pesquisas feitas por vários pesquisadores da área de educação (inclusive economistas) que ajudam a entender o tema, mas não exaurem o assunto nem esgotam as possibilidades de solução. Creio que um dos pontos que faltou ser apontado é o aspecto de gerenciamento das escolas públicas que pode ajudar a explicar muito o papel dessas instituições no Brasil.

Eis aqui os 7 Mitos na Educação:

1. Só pagar melhor o professor já melhora o aprendizado. Pesquisas Nacionais e internacionais indicam que não há relação entre salário do professor e o aprendizado dos alunos no curto prazo, já que não há impacto imediato na maneira de como o professor ensina. No entanto, no longo prazo, alguns especialistas em educação afirmam que isso pode tornar a carreira de professor mais atraente, estimulando os melhores alunos do ensino médio a seguirem essa profissão.

2. Melhorar a Infraestrutura da Escola tem impacto positivo no desempenho dos alunos. Na avaliação de alunos da oitava série na Prova Brasil de 2007, de 14 CEU's avaliados, 9 tiveram nota menor que a média da rede municipal de São Paulo. Uma das hipóteses é que, sem ter professores preparados para ensinar melhor, dispor de facilidades como piscina, teatro e recursos tecnológicos não traz avanço no aprendizado dos alunos.[1]

3. A progressão continuada contribui para piorar a qualidade do Ensino. Nesse sistema, o aluno não está sujeito a repetência ao fim de cada série, mas ao fim de cada ciclo. Segundo pesquisa de Naércio Menezes Filho, os alunos das redes com progressão continuada têm desempenho muito parecido ao dos alunos de escolas com regime seriado. "Além disto, a evasão é muito maior no segundo caso (seriado). [2]

4. Cursos de reciclagem para professores ajudam a melhorar o ensino. Estudos feitos no Brasil e no exterior mostram que os professores que fizeram os chamados cursos de formação continuada não passaram a ensinar melhor. Isso porque eles são muito teóricos e influenciam muito pouco na melhoria do ensino em sala de aula. Mozart Neves, presidente do Todos pela Educação e professor da UFPE, ressalta que o mais indicado seria melhorar a formação nas universidades.

5. Gastar mais com educação é suficiente para aumentar o aprendizado dos alunos. De acordo com levantamento feito por Menezes Filho, municípios que gastam R$ 1.000,00 por aluno no ensino fundamental têm a mesma nota na Prova Brasil do que municípios que gastam R$ 3.000,00. O economista Gustavo Ioschpe lembra ainda que, na maioria dos casos, aumentar os gastos com educação significa elevar os salários dos professores, que não é algo que dá resultados.[3]

6. A escola não pode ajudar filhos de famílias desestruturadas. Para aprender, o aluno deve estar bem emocionalmente, mas isso não quer dizer que a escola deve se eximir de seu papel de educar, diz Magdalena Viggiani Jalbut, do Instituto Superior de Educaçao Vera Cruz. Além disso, mesmo no caso de uma família fora do padrão (quando mãe e pai não estão interessados na educação do filho), qualquer outro parente, até um primo, pode estimular a criança a aprender, segundo estudos feitos na França citados por Maria Letícia Nascimento, da faculdade de Educação da USP.[4]

7. Sistemas de Ensino apostilados tolhem a autonomia do professor. Estudos feitos por Paula Louzano, doutora em educação pela universidade de Harvard (EUA), mostram que municípios de São Paulo que usam esses métodos estruturados (como os do COC e do antigo Anglo, com apostilas) tiveram desempenho superior na Prova Brasil, na comparação com as demais redes municipais. Em entrevista com professores que usam o sistema, 84% disseram que o desempenho melhorou e 36% que o material estimula o aprendizado.

Como podem ver é difícil formular políticas de educação para o país e tentar explicar em detalhes o que pode funcionar ou não, mas um aspecto que considero importante é que hoje educação virou um tema que preocupa a todos os brasileiros, que o vêem agora como uma das prioridades educacionais. No Brasil ponto a ponto, onde brasileiros manifestaram espontaneamente suas preocupações para o desenvolvimento do país, educação é posta em primeiro lugar. Essa "corrente pra frente" na educação, aliado ao componente populacional que tende a aliviar a pressão de recursos no ensino fundamental e médio, fará que o Brasil se torne um país mais desenvolvido nesse aspecto ajudando a superar o gargalo educacional.

[1] A matéria tratou esse ponto de maneira bem rápida, não é tão simples como o colocado. Há evidências de que computadores são de fato importantes, não só pela minha pesquisa, mas também por pesquisas feitas pela FGV. O desenho ao lado desse mito é justamente de um computador. Mas como levantei também no texto dessa postagem, grande parte desse investimento em capital das escolas não necessariamente traz altos retornos em educação. Mas no Brasil onde algumas escolas não tem água, carteiras e energia elétrica não chega, é preciso sim de algumas condições mínimas de infraestrutura.

[2] No começo de setembro tive a oportunidade de ler esse artigo do Naércio Menezes, Ligia Vasconcelos, Sergio Werlang e Roberta Biondi. Os autores mostram que além da rede de progressão continuada não prejudicar significativamente no desempenho a evasão desse sistema é significativa e menor. Então, pelo efeito econômico de quem tem ensino médio concluído garantir maior retorno salarial e de renda, a política de progressão continuada oferece um retorno maior e é desejável socialmente. Há um trade-off em questão sobre a progressão e a qualidade, dado que a progressão não prejudica a qualidade é interessante medida. Convém lembrar que o objetivo de uma boa escola não é reprovar maus alunos, mas sim elevar o nível do maior número de possível de alunos e conseguir aliar essa tarefa primeira com a outra tarefa importante de desenvolver e identificar-encaminhar os talentos individuais excepcionais. Dissertação recente da Luciana Luz da UFMG também explora esse ponto com conclusões também interessantes sobre a progressão continuada.

[3] O Brasil não gasta pouco do seu orçamento com educação, os recursos educacionais são vinculados e há ainda os repasses da União através do FUNDEB para garantir um gasto mínimo para escolas públicas com precariedade de recursos. Em porcentagem do PIB, o país gasta cerca de 4,5% do PIB com educação pública básica (fundamental e médio). Oscilando entre 4% a 5%, tal nível de gastos pode ser considerado em patamares de outros países em desenvolvimento e outros mais desenvolvidos. Uma consideração que há muito engessamento de recursos, a compra de material pelas escolas tem de ser prevista com um ano de antecedência e muitas vezes não se destina para a compra de recursos para os quais a escola mais necessita.

[4] Depois de um longo tempo denotando grande importância para condições familiares, chegando ao extremo de dizer que a escola não importava quase nada no desenvolvimento do aluno, a ciência volta a recuperar o valor da escola e a contextualizar a influencia de fatores familiares e sociais, tentado desvendar como eles atuam no papel educacional.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Mais razão para o Apagão

Caros, reproduzo aqui texto do amigo Fernando Ferreira Kelles, do seu blog consciência. Fernando relembra aspectos técnicos que estão sendo pouco lembrados nessa politização que tem ocorrido sobre o blackout ocorrido no último dia 10 de Dezembro.

O APAGÃO
Fernando Ferreira Kelles

No dia 10, por volta das 22h10 do horário brasileiro de verão, houve um desenrolar de eventos que culminou com a falta de fornecimento de energia elétrica para vários estados brasileiros, sobretudo para as duas mais populosas cidades do país, São Paulo e Rio.

Em várias entrevistas e noticiários ouvi muitas explicações, porém notei que as autoridades que tem a responsabilidade de informar à população sobre as verdadeiras causas do ocorrido, pareciam que, sentindo-se pressionados em dar explicações sobre o fato e querendo isentar-se e ao governo de qualquer culpa no assunto, apresentaram justificativas pobres e não convincentes sobre o que sucedera.

Embora seja engenheiro eletricista, envolvi-me sucessivamente em atividades de Telecomunicações, Estatística e Demografia desde que ao sair de uma empresa siderúrgica em 1997 ingressara em uma estatal de telefonia no mesmo ano, distanciando-me da atividade de engenharia elétrica. Naquela empresa onde trabalhei por quase 25 anos, estive responsável, entre outras atividades, pelo fornecimento de energia para uma Usina Siderúrgica em Belo Horizonte. Havia algum tempo que o sistema elétrico do Sudeste Brasileiro já trabalhava com suas redes interligadas. O Comitê Gestor do Sistema Interligado solicitara às concessionárias de energia de suas áreas de atuação que contatassem seus clientes, possuidores das maiores cargas elétricas do sistema, para instalarem em suas subestações [1], relés [2] de alívio de carga. Na eventualidade de haver perder de geração, (como aconteceu naquele dia, com a desconexão das linhas de transmissão que levavam energia de Itaipu para São Paulo) as cargas mais relevantes poderiam ser imediatamente retiradas mantendo a malha remanescente com a geração disponível. O sistema interligado é composto de inúmeras usinas com vários geradores ligados em paralelo, operando em forma sincronizada na freqüência de 60 Hz. Também estão conectadas nessa imensa rede, inúmeras cargas, como cidades, indústrias, estações alimentadoras de trens elétricos e metrôs, etc. Quando uma parcela importante da geração é perdida as demais máquinas geradoras recebem um tranco imediato fazendo com que haja uma perda de rotação dos geradores, da mesma forma como um caminhão que começando a subir uma ladeira perde velocidade. Nesse momento todo o sistema sente que houve um problema na forma de uma rápida redução de freqüência que cai abaixo de 60 Hz (o valor depende da perda ocorrida, pode ser 58Hz, 57Hz ou outro valor). É aí que entram os relés de alívio de carga. Tais instrumentos, ao detectarem essa rápida redução de freqüência, deduzem que houve perda de geração e imediatamente (microssegundos) enviam ordem para que os disjuntores de cargas previamente selecionadas desarmem a fim de impedir que haja uma cascata de eventos e todo o sistema seja derrubado como ocorreu na noite de anteontem.

Na época em que trabalhava com isso, chegamos a ter desligamentos das cargas conectadas ao Esquema Regional de Alívio de Carga, o que isolou os problemas ocorridos. Os relés de então eram analógicos e o sistema era menos robusto que o atual. Com o aumento das interligações, que tornaram o sistema quase nacional, a robustez do mesmo deve ter aumentado, em que pese que os centros de carga ainda são distantes dos centros de geração. O sistema sendo mais robusto, as variações de freqüência, durante as perdas de geração são menores, porém os relés de hoje são seguramente mais sensíveis e podem precisar melhor o que está ocorrendo. O que se passou então? Os técnicos responsáveis pelo sistema ficaram mais incompetentes? Os esquemas de alívio de carga não estão mais “na moda”? O que houve.

O que pode ter havido é que o esquema de alívio de carga não foi implantado na totalidade do sistema de forma e em um nível tal que compensasse a perda de geração de uma usina como Itaipu. É possível que para equilibrar o consumo com uma perda de geração tão relevante, houvesse necessidade de termos um esquema mais sofisticado que detectasse a relevância da perda ocorrida e que nesse caso retirasse da malha interligada partes de cidades que fossem menos afetadas pela falta de energia. Ou seja, a seleção de cargas retiráveis teria que ser muito criteriosa e eficiente, pois tudo isso deve ser feito em frações de segundo. Também é possível que os relés que foram instalados há muito tempo precisem ser substituídos por outros mais sensíveis e avançados.

Quando autoridades vão para os meios de comunicação e começam a dar explicações que não se sustentam fica difícil para os técnicos a eles subordinados apresentarem as verdadeiras causas sem correr o risco de desmentir seus chefes, o que cria outros problemas. Só os próprios chefes podem corrigir suas anteriores explicações, mas aí correm o risco de perder credibilidade.

Penso que há que analisar bem o ocorrido. As soluções para evitar outros problemas desse tipo existem e não são tão caras, mas exigem reavaliar as explicações que foram dadas, sem apressamentos e fora do jogo político, para não fazermos investimentos caros que não contemplam as verdadeiras soluções.

sábado, 19 de setembro de 2009

I'm a Rock: A.T.U.M. NA VI FIQ!!!

I'm a Rock: A.T.U.M. NA VI FIQ!!!

Econocomix


Tenho acompanhado um mangá que sai pela panini aqui no Brasil, o Homunculus. Estou avaliando muito positivamente a série mas gostei mais dos primeiros números. Achei que o 5 e o 6 começaram a enrolar demais no enredo, como é comum nos mangás. Mas o número 7 acho que está desenvolendo melhor, mostrando um pouco o protagonista, que até então estava em mistério.

Susumo Nakoshi é um ser mistérioso sobre o qual pouco se sabe da vida pregressa. Ao que parece trabalhava em um banco, mas agora vive dentro de seu carro, estacionado na beira de um parque de Tóquio, onde vivem outros moradores de rua.

Homunculus 07 começou com essa interessante passagem, sobre a visão de moeda na economia. Uma interpretação curiosa, mas que no limite é verdade. O mais interessante é que Nakoshi usa economia para seduzir as mulheres. Ha, Ha.




Tem mais economia ao longo desse episódio. Esse post me deu a ideía de comentar as ocasiões em que economia e quadrinhos se misturam, vou preparar uma segunda parte para esse post.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Saiu o mais recente Big Mac Index

Saiu o mais novo índice Big Mac da revista 'The Economist'. É claro que o índice por conter apenas um produto é uma tremenda simplificação. Há muitas críticas ao que o índice Bic-Mac nos revela.

No entanto, sou um dos economistas favoráveis ao índice, pois ele, com apenas um produto, simplifica enormemente as relações cambiais entre países e pode demonstrar valorizações reais das cotações por todo o mundo.

O Big-Mac é teoricamente o mesmo entre países (isso não é absoluta verdade) e é um bem não-transacionável, ou seja, não se exporta Big-mac's. Para vender hamburguers na China o Ronald McDonald precisa abrir uma loja lá e contratar mão de obra local, fazer pão, alface, hambúrguers de acordo com os padrões locais e tecnologia vigente naquele país, e tentar ao máximo se aproximar do padrão McDonald's.

A teoria por trás diz que bens transacionáveis devem custar o mesmo, pois senão, compensaria trazer Big Mac's da China (onde é mais barato) para o Brasil (onde é mais caro) e assim lucrar com a transação. Mas ao olhar o sanduíche logo vemos a inviabilidade do transporte necessário para fazer valer a paridade dos preços para um bem tão barato.

Então, o que na verdade o Indice Big Mac nos mostra é o custo de se produzir aquele hamburguer no país e como o câmbio do país se comporta em relação ao dólar. A teoria da Purshasing Power Parity (Paridade do Poder de Compra) exigiria que o câmbio regulasse essas diferenças.* Se pensarmos o big-mac como uma mini-cesta de bens entendemos porque. Vemos que o Real está muito valorizado, transposto para o Dólar nosso Big Mac custa mais caro do que o Big-Mac Norte americano, que está por volta de 3,46 e 3,65 dólares. O normal é que países de terceiro mundo tenham preços mais baratos como nos mostra Tailândia, China, Hong Kong, mas no caso deles, trata-se também de uma manutenção agressiva de cambio desvalorizado.

Um comentarista do post acima lembrou que o Big-mac não funciona bem na Índia, pois lá não se come carne, Big-Mac lá é caro pois é só para turista mesmo. Uma solução para aquele país é adotar um sanduíche vegetariano que eles possuem. Vemos então que preferências alteram muito esse índice pois trata-se de apenas um bem. Mas qualquer cesta de bens ocidental seria muito diferente da Indiana.

Já o indice Ipod é diferente, o ipod é um bem transacionável, não é produzido em todos os paises mas comercializado em quase todos eles. Esse é um produto que deveria custar O MESMO em todos os países, com uma pequena diferença de custos de transporte.

Ele mostra coisas um pouco mais diferentes do que o Big-Mac. O Brasil possui um dos mais caros ipods do mundo. Mas isso não é um índice bobo, mostra como no Brasil os impostos sobre importação e os demais impostos oneram excessivamente produtos com custos tecnológicos, que deveriam sim, chegar os mais pobres, talvez não o ipod mas outros produtos com tecnologia: celulares, computadores etc..

Outra coisa que o Ipod-index mostra é a desigualde de renda no Brasil. O ipod pode parecer um índice elitista, como comentou-me uma amiga certa vez, mas isso não o torna inútil para a população Brasileira. Acredito que por causa da concentração de renda ele é um produto caro no Brasil, é quase um artefato de ostentação, mas ele mostra muito mais do que simplesmente o preço caro de um bem supérfluo, ele mostra que no Brasil ele pode ser caro pois poucos ganham muito, limitando a competição para esse produto. Mostra também quão equivocada é um política protecionista.

http://www.smh.com.au/news/technology/ipod-index-trumps-the-bigmac-one/2007/01/18/1169095897045.html

(Esse artigo Australiano argumenta que o indice ipod é melhor que o Big-Mac, mas é uma análise bem fraquinha, pois de fato o Big-mac é melhor, trás mais informações, justamente por ser produzido em cada país, possui informação sobre mão-de-obra em cada país por exemplo).

O ipod é mais Barato nos Eua onde ele surgiu e é produzido em larga escala, e onde o perfil da população o adotou.

Espero que eu tenha explicado um pouco :-)

Abraços!


* Há ainda a Teoria TNT (Tradable-non Tradable) ainda mais adequada para se evidenciar o que o índice Big Mac Significa.

** Outra crítica que se pode realizar é que a competição de outras cadeias de fast-food influenciam o preço do Big-Mac. Se nos Eua há muita concorrência com Burguers King, Wendy's etc o preço lá deve ser mais baixo em países onde não há tanta concorrência para quem quer comer habuérguers. A defesa para o Big-Mac pode ser a de que em quase todos os países o mercado de servir refeições é bastante concorrencial. Se considererarmos apenas fast foods o Brasil tem vários casos de sucesso de cadeias locais e "importadas": Bob's, Habbib's, Giraffas, Subways, Eddie's, Marvin, etc, ...

sábado, 27 de junho de 2009

The Economic Conversation

Oque é isto?! É um livro texto?! É um blog?! Diálogos de Platão?!

Não, é o novo projeto de McCloskey e companhia.

Na matéria do valor de última sexta-feira houve uma discussão sobre o ensino de economia nas universidades. Já de algum tempo existem críticas de que a economia está perdendo o pé da realidade e se tornando uma matéria autista inatingível para a maioria dos alunos e pouco ou nada relacionada à realidade.

Essa crítica está relacionada ao Manifesto da Economia Autista, em que alunos da França reclamaram do extremo desequilíbrio do curso de economia, com peso demasiado para matérias exatas e deixando para trás a história e o pensamento econômico que são, sem dúvida, importantes para um entendimento melhor e mais completo e amplo do objeto de estudo de que trata a ciência econômica.

A crítica é em alguns pontos válida, tanto que cabe a nós professores de economia sempre tentarmos o diálogo com a realidade e fazer com que os modelos tenham realmente aplicação. De outra parte as críticas não são justas. Basicamente, os modelos e muita parte da economia ganhou não exclusivamente por um feitishismo, mas sim porque servem de fato para compor o raciocínio e elaborar respostas à problemas reais.

Foi com o intuito de aplicar de melhor maneira modelos complexos de forma simples e didática que busquei reformular os cursos de microeconomia A1 e Economia A2 que a mim couberam ministrar nesse semestre que se finda. Creio que em grande parte foi possível mostrar como os modelos estão intrisecamente relacionados à realidade, como eles ajudam a pensar questões novas e não resolvidas.

Infelizmente, em apenas um curso acaba não sobrando tempo para dialogar com a história do pensamento econômico, isso cabe a uma mudança da grade curricular caso esteja realmente faltando. Também nem sempre é possível explorar todas as extensões, de modo que modelos demasiadamente simples acabam se tornando ingênuos demais e parecem não aplicáveis de imediato.

Para isso é preciso um pouco de esforço do aluno. No entanto para nos ajudar McCoskey, Klamer e Ziliak estão com essa proposta de livro internáutico para discutir coisas que outros livros textos não discutem, vale a pena dar uma olhada, parece bacana pois são de economistas importantes na área de estudo em metodologia e retórica da ciência econômica.

McCloskey é um dos principais nomes e estudiosa dos clássicos de Adam Smith e dos becos sem saída da teoria clássica e neoclássica.

Arjo Klamer é o autor de um best-seller em economia: "Conversando com Economistas", um excelente livro onde o autor entrevista autores das mais diversas visões econômicas, é um aprendizado e tanto ler e se sentir ouvindo os caras. Esse livro foi o pontapé inicial para as pesquisas posteriores de Klamer na área da retórica do fazer ciência econômica.

Stephen Ziliak é o único que conheço pouco ainda, consta que sua área de pesquisa são desigualdes sociais de raça e de renda.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Banco Imobiliário em Sala de Aula

Caros alunos e amigos leitores deste famigerado blog, ontem joguei Banco Imobiliário em sala de aula com alunos da turma de Microeconomia A1 do curso de Ciências Contábeis da UFMG. Já de algum tempo jogo com meus irmãos uma versão alterada do jogo, onde se pode comprar todas as propriedades, inclusive o sorte-revés (que é desbalanceado para dar um pouco de lucro ao comprador). Ao contrário do jogo original, que decide na sorte quem pode ser o comprador, nessa versão alterada cada vez que um jogador cai em um lote é decretado um leilão holandês-fechado, onde qualquer um dos jogadores pode comprar a propriedade pelo segundo maior lance.

Na última terça feira, no dia 16 de maio de 2009, o jogo mencionado foi levado à sala de aula com algumas adaptações. O que poucos sabem, é que por trás do jogo Monopólio há uma longa luta pela quebra de monopólio da Parker Bro. No Brasil, o direito de venda, adaptação e reprodução do jogo era exclusividade da Estrela ®. Recentemente, o jogo é comercializado no Brasil por apenas duas empresas: a Estrela e a Hasbro ®, corporação que hoje detêm propriedade da patente originária de Charles Darrow.

O objetivo do jogo é se tornar o proprietário mais rico e poderoso do tabuleiro, isso é possível porque à medida que os jogadores compram títulos e propriedades, esses títulos e propriedades adquirem cada vez maior poder de mercado. O jogador que cai na propriedade de terceiros fica, cada vez mais, com menos opções de preços baratos. O jogo incentiva o monopólio de quarteirões para agregação de valor de maneira a construir casas e hotéis.

PERGUNTAS:
  1. Explique, pela teoria do Monopólio, porque quando o mercado é formado por apenas um único ofertante o preço do produto será muito maior do que o custo marginal para se produzi-lo, menos consumidores irão comprar, um produto mais caro. É possível medir esse prejuízo para os consumidores, como?
  1. Pela teoria do monopólio vimos que existem condições específicas para que o mercado seja dominado por um único ofertante, em economia essas condições são chamadas de barreiras à entrada. Algumas dessas barreiras à entrada são de ordem econômica, os custos para entrar na atividade são muito elevados o que justificaria a existência de um monopólio, outras vezes, tais barreiras são simples limitações de informação de patentes, ou barreiras legais. Explique como a Estrela ® pôde ser por longos anos a única ofertante do jogo “monopoly ©” e de que forma isso pode prejudicar os consumidores?
  1. O Jogo “Monopoly ©” é de fácil reprodução, qualquer pessoa pode imprimir um tabuleiro e algumas notas fictícias. Em 1974, um professor de economia da universidade de São Francisco na Califórnia, Ralph Anspach (que por acaso era também desenhista), entendeu que o jogo original de “Monopoly ©” não ensinava exatamente os benefícios do livre mercado e passou a adaptar novas regras a um jogo que ele chamou de “Anti-Monopólio”, similar ao “Monopoly ©”, mas com o objetivo inicial de quebrar um monopólio já estabelecido. A detentora da patente do produto moveu uma ação contra Ralph e seu jogo. Identifique Qual o tipo de barreira presentes nesse caso, porque apesar de ser fácil e barato, não é simples entrar no mercado produzindo um novo jogo “monopólio”, ou um novo Banco Imobiliário?
  1. Você consegue identificar situações atuais semelhantes às barreiras criadas acima, cite um caso?
  1. Hoje duas companhias distribuem esse mesmo jogo no Brasil, o que se configura portanto um Oligopólio, onde há mais de um produtor mas não muitos. Cite quais são as vantagens de ter dois concorrentes ao invés de um. Pesquise o preço do Jogo “Banco Imobiliário” e “Monopoly” na internet, quais os preços encontrados. Você tem alguma idéia do porque eles funcionam dessa forma?
  1. Apesar de propiciar barreiras que possibilitam a formação de monopólios e oligopólios as patentes são importantes para o estimulo econômico. Porquê? O jurista norte-americano Lawrence Lessig, criador do conceito Creative Commons (uma variação mais aberta do Copyright ©), argumenta que patentes são ótimas para dar garantias à criação, mas que elas não devem durar para sempre. Tendo por base esses argumentos discuta os prós e contras das patentes.1
  1. Se não houvessem patentes cada um poderia produzir sua própria versão do jogo, com mais concorrência isso seria bem mais barato, mas sem proteção de patentes, ninguém estaria muito disposto a inovar em criar coisas novas. Explique para qual preço convergiria o jogo “Monopoly ©”, caso pequenos produtores pudessem fazer sua própria versão. O próprio caso de venda de Charles Darrow para a Parker Brothers explica um pouco os benefícios de rede e de escala em ter um produtor maior responsável pela produção. Explique as relações entre livre mercado, ganhos de escala e benefícios de rede.
  1. No jogo de sala de aula os preços não estavam fixados. Nessa situação, como na vida real, os jogadores tinham de calcular o valor esperado de uma propriedade com base em uma expectativa de ganhos futuros. Imagine então um título de propriedade daquele jogo chamado de “Praça da Liberdade”, para simplificar, Pç. da Liberdade tem só duas opções: receber $10 Reais de Aluguel se não existir nenhuma construção no lote e $500 Reais de Aluguel caso o proprietário decida comprar hotéis no valor de $225. Em um jogo com seis participantes em 10 turnos e outros 39 títulos de propriedades (“lotes”), qual deveria ser o preço correto a ser lançado em leilão pela Pç. da Liberdade se o jogador decidir por não construir nenhum hotel (Dica1: o valor será baixo)? Qual seria o preço a ser pago caso o comprador decida-se por construir o hotel, para simplificar, suponha que ele pode construir o hotel logo de cara no primeiro turno? (Dica2: lembre-se que apesar de serem seis jogadores, você, proprietário não paga quando para lá, apresente os cálculos)?
  1. Na variação do jogo apresentada em sala de aula, havia ganhos de juros para quem mantinha o dinheiro em Banco (em cash). Se em cada turno o dinheiro rendesse 10%, valeria à pena comprar propriedades? Qual deveria ser o juro para compensar o proprietário de Pç. da Liberdade sem hotel a manter dinheiro em Banco? Qual deveria ser a mesma taxa de juro para compensar quem compra Pç. da Liberdade e põe hotel logo no início do jogo?
  1. Uma das qualidades do leilão holandês, também chamado de Leilão de Vickrey, é incorporar elementos de teoria dos jogos. Na tabela de pay-offs abaixo temos uma versão simplificada do leilão holandês entre dois jogadores. A descrição é a seguinte, cada Jogador pode “Jogar” para falar o valor mais alto e ganhar o leilão ou dizer o preço esperado “Verdadeiro” (V). Ao jogar (J) cada jogador tem expectativa maior de ganhar o lance, mas se o outro jogador estiver também jogando (J), há uma expectativa de perda, pois esse valor muito provavelmente estará muito acima do verdadeiro que se pretende pagar. Caso um dos Jogadores jogue (J) mas o outro fale o valor verdadeiro (V), o que disse (V) perderá com certeza o leilão, ganhando zero, o jogador que ganha possui ganhos positivos, mas esse ganho esperado não é tão alto já que o verdadeiro valor julgado pelo outro pode ser maior que o próprio valor. Quando os dois jogadores dizem a verdade (V), um deles irá ganhar, mas o valor esperado de vários jogos é maior, pois ao não ter nenhum dos jogadores em (J) o preço não inflaciona para além de valores esperados. Identifique o equilíbrio de Nash do jogo abaixo:


    (A questão abaixo vale 5 pontos EXTRA):

    Monte uma matriz para o caso de o Leilão Holandês ser realizado apenas uma vez, onde o jogador 1 tem como valor Verdadeiro 205 e o Jogador 2 possui como valor verdadeiro 200. O preço esperado correto pela propriedade é de fato 210 reais. O valor (J) para o jogador 1 é 1010 e o valor (J) para o jogador 2 é de 1020. Quantos equilíbrios serão possíveis para esse jogo? Lembre se que nenhum dos jogadores sabem os valores internos de (J) e (V) dos outros jogadores e que no leilão holandês o vencedor paga sempre o segundo maior preço.




    1 A Fundação Getúlio Vargas e demais parceiros apóiam a criação do Creative Commons para o Brasil, veja mais sobre isso nessa página aqui.





quinta-feira, 12 de março de 2009

Isso que é Custo Afundado!


Desde o fim da década de 60, as autoridades de transportes do Japão viam a necessidade da construção de mais um aeroporto para atender as necessidades de Osaka, Hyogo e Wakayama. Em meados dos anos 70, concluíram que tal aeroporto deveria ser construído sobre o mar ("offshore"). Somente em 82 aprovaram e deram início ao projeto. Para a obra faraônica que foi, o aeroporto ficou pronto em um curto período de tempo, em 4 de setembro de 1994 deu-se sua inauguração. O aeroporto comemorou, portanto, 10 anos no mês passado.

Hoje, a ilha aterrada para a construção do aeroporto está afundando 16 cm por ano. Autoridades do aeroporto Kansai dizem que não há motivos para grandes alardes, já que a previsão é de que a ilha se afunde por completo somente daqui a 50 anos. Agora, imagine você o trabalho que foi construir este aeroporto para depois vê-lo afundar no mar.

Acho que os livros-texto de economia nunca encontraram exemplo mais palpável de "sunk costs", Há!

Victor Maia
original de: 04/10/2004

Correções de aula.

Caros alunos, confiram o minha ufmg apesar da falta um aluno havia ganho pontos no segundo dia, por conta disso o mícron desvalorizou nesse dia para 1,16. Fiz as correções para as outras tabelas posteriores.

Abraços

quarta-feira, 11 de março de 2009

Aulas 02 e 03 de Micro A1

Seguem as cotações da aula 02 e 03 de Micro A1. Em breve, quando obtivermos uma série um pouquinho maior colocarei o gráfico da evolução da cotação da moeda mícron utilizada em classe.

10_03_2009.
05_03_2009.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Aula 01

Disciplina: Microeconomia A_I – ECN 061

Curso: Ciências Contábeis

Turma: E

Prof. Victor Maia Senna Delgado

vmaia@cedeplar.ufmg.br


Aula 01 dia 03/03/2009

Observação: Aula expositiva.

Apresentação do Programa e primeiros contatos com Lei de Oferta e Demanda.

A Cotação do Mícron em Reais começará a partir do dia 24/03/2009

Cotação do mícron

μi$ 1,00 = 1 pt

μi$ 1,00 = R$ ??,?









Pontos Ofertados = 50 (pontos de presença).

Pontos Demandados = 44 = mícrons ofertados.


Cotação dos mícrons para a aula do dia 05_03_2009;


μi$ 1,00 = 1,14 pts

Curso de Microeconomia A1

Esta semana comecei a lecionar na UFMG um novo curso de economia para alunos das Ciências Contábeis. Desde a graduação ouço comentários gerais entre economistas que poderiamos sempre tentar fazer uma classificação de pontos que fosse um pouco diferente da classificação do tipo mais tradicional onde o professor distribui pontos de acordo com as notas dos alunos em uma escala que geralmente varia de 0 a 100. Muitos tem na consciência que não é o esquema de incentivos corretos, ou uma comparação de que notas para os alunos são como os salários na economia real, quanto mais produtivo o aluno, maior nota ele terá.

Como usar um esquema de incentivos econômicos para estimular participação em sala de aula e direcionar incentivos corretamente, ao mesmo tempo em que se dá liberdade aos alunos de escolherem integralmente a nota que desejam ficar no conceito final. Um esquema de preços é o que fornece mais liberdade individual, os economistas percebem suas falhas, mas ainda assim suas vantagens superam em muito os erros, com orientação correta a informação pode se corrigir rapidamente.

Pensando bem, o esquema meritório de avaliação por provas confia muito na capacidade de discriminação do professor, este se torna onisciente do conhecimento dos seus alunos e com capacidade de distribuir notas taxativas em relação ao conhecimento de seus pupilos. Em muito, este esquema é inescapável, mas é confiar demais na habilidade de julgamento total do professor, além de colocar um excessivo peso à sorte para o aluno: "vai que no dia de prova o aluno estudou justamente o que não caiu".

Paralelamente a isso, um estalo de como aplicar preços em sala de aula me ocorreu quando vi mais uma notícia de aplicação de micromoedas em comunidades não muito maiores do que um bairro, como as que existem com o Palmas em Fortaleza ou em algumas outras experiências locais: é possível criar uma micro moeda e ela gera os mesmos incentivos benéficos de preços que uma moeda qualquer possui, afinal o território de um país é de certa forma arbitrário.

Dediquei esforço, então, para fazer um programa da disciplina microeconomia A1 que leve em consideração as possíbilidades da economia para incentivar os alunos participarem e que ao final lhes dê liberdade para decidir sobre sua nota. De certo modo, o professor continua com um poder de lançar créditos, mas através da cobrança de presença diária e através de um sistema que incentive participação com intervalos menores de maneira que sejam feitos com trabalhos interessantes feitos em em sala de aula, visando aplicação prática de conceitos diários de microeconomia é possível tornar a avaliação bem mais difusa, assim como são as correções diárias do mercado (por mais que elas variem muito com mudanças de expectativas). Pequenas frações diárias das notas parecem serem mais justas do que o lançamento todo de uma vez.

Idéias boas não andam sozinhas, ao mesmo tempo pensava no futura da moeda virtual. Aos poucos o dinheiro em cheque, papel, moedas e outras formas vai se configurando cada vez mais obsoleto, talvez no futuro haja apenas moeda contábil, fiduciária, eletrônica. Bom, com um meio de pagamento assim, porque não unir todas as moedas do mundo em uma só. Há muitos cartões de crédito que já são aceitos no mundo inteiro. Um futuro utópico seria aquele de apenas uma única moeda mundial, ou melhor, um mundo onde não haja mais moeda, a pessoa tem o seu valor no banco, mas esse valor é como um crśdito pessoal, ou seja, seria possível discriminar perfeitamente o quanto aquelas pessoas acrescetam em produção e utilidade das outras pessoas por meio das trocas que ela faz. É como se cada indivíduo fosse proprietário de uma bandeira pessoal e particular de cartão de crédito, onde a credibilidade seria dada pelo o potencial, investimento e valorização dos serviços e bens que esta pessoa pode produzir.

Pensando nessas idéias é que amadureci a proposta de avaliação que divulgo aqui no blog. A seguir apresento uma seção comentada do programa onde proponho a criação de uma micromoeda válida apenas para a classe de microeconomia A1 do curso de ciência contábeis da UFMG que conta apenas com 50 alunos e um professor:

Programa da Disciplina: Microeconomia A_I – ECN 061

Curso: Ciências Contábeis – Turma E

Prof. Victor Maia Senna Delgado

vmaia@cedeplar.ufmg.br

victor.maia@fjp.mg.gov.br

Carga Horária: 60h – Créditos: 04

Ano Letivo: 2009 – 1º Semestre.


Ementa:


A disciplina Microeconomia AI tem como objetivo aprofundar os tópicos de microeconomia abordados na disciplina Economia AI. A matéria envolve analisar o processo de escolha dos consumidores através da teoria do consumidor e o processo análogo de decisão e formação de custos da firma, teoria da firma. A teoria do consumidor é capaz de explicar detalhes mais aprofundados da escolhas do consumidor, preferências e elasticidade preço, substituição e renda. Serão propostos também exemplos práticos e desenvolvimentos modernos da teoria envolvendo esses assuntos, como aplicação das decisões econômicas em decisões familiares, assim como aplicações da teoria dos leilões, externalidades, seleção adversa, risco moral, teoria dos incentivos, modelo principal-agente, teoria dos jogos e raciocínio lógico envolvendo a microeconomia. A teoria da firma irá aprofunda nas modalidades diferentes da estrutura de mercado, assim como a composição de custos econômicos das firmas e dos custos sociais, como associar custos as operações contábeis, Valor Econômico Agregado, noções de equilíbrio geral e estabelecimento dos direitos de propriedade.


Avaliação:


A avaliação é composta de um sistema de créditos que totalizam 100 pontos distribuídos da seguinte maneira:

  • 20 % para frequência. (20∙n pontos)
  • 30 % Provas de conhecimentos (duas provas, 30∙n pontos).
  • 50 % 10 Trabalhos propostos em sala de aula e participação. (50∙n pontos).


n é o número de alunos regularmente matriculados no início da disciplina, sendo assim, se houverem 10 alunos matriculados no primeiro dia, serão distribuídos 1000 pontos para a turma toda. A distribuição de pontos e como os alunos irão obtê-los dependerá dos critérios de participação acima estipulados: frequência, trabalhos, participação e provas. Como exemplo, se dessa turma de 10 alunos apenas um fizer as provas, frequentar as aulas e participar dos trabalhos, ele obterá todos os 1000 pontos válidos, superando em muito os 100 pontos individuais necessários para passar com conceito máximo na disciplina.


*A idéia aqui é que alguns alunos podem ser mais do que bons, a nota será distributiva, assim como os ganhos na economia. O aluno que superar os 100 pontos necessários poderá obter um ganho econômico com isso, provavelmente merecido devido seu esforço ao longo do curso.


Há um problema de distribuição: ao final do curso será possível construir uma curva de Lorenz demosntrando a desigualdade entre as notas, mas creio que em uma turma pequena e relativamente homogênea teremos com certeza coeficientes de gini perto de 0.1 ou 0.2. Ou seja, do ponto de vista igualitário será até bem distribuída.


Os pontos serão obtidos de maneira a simular a cotação de uma micromoeda válida apenas para a turma, chamada de mícron (μi$), ao final do semestre cada aluno deve ter no mínimo 60 mícrons para passar. Na prática, um mícron vale um ponto, mas a cotação da moeda irá variar a cada dia de aula de acordo com a oferta de trabalhos e participação dos alunos. O professor é ofertante de pontos e os alunos são ofertantes de mícrons. O professor demanda mícrons para verificar a participação dos alunos e os alunos demandam pontos para conseguir qualificação necessária e passar na matéria. Abaixo segue a tabela dos valores em créditos:

Cotação inicial:

μi$ 1,00 = 1 ponto.


* O professor passa a ter aqui uma importante função de Banco Central, regulando as operações de troca do câmbio, controlando suas reservas.


Como nos modelos de equilíbrio geral partiremos de uma situação de preços estabelecidos e a troca dos alunos entre si e com o professor determinará o verdadeiro preço dos trabalhos, participação em aula frequência e provas. Isso ocorrerá com alterações do câmbio de mícrons e pontos:


2 horas de aula = 1 ponto (a cada dia de aula são oferecidos 1ponto∙n)


n é o número de alunos matriculados na disciplina. Se a disciplina obtiver 30 alunos matriculados, então, a cada dia de aula regular serão ofertados 30 pontos apenas pela presença. Se todos os 30 estiverem presentes são distribuídos 30/30, ou seja, um ponto para cada aluno. Se vier apenas um aluno, ele ganhará todos os 30 pontos ofertados no dia, muito embora, após esse dia a cotação dos pontos irá desvalorizar para μi$ 1,00 = 30 pontos, o aluno ao invés de precisar de apenas 60 pontos para conseguir μi$ 60,00, precisará de 1800 pontos.


Posto dessa forma, é vantajoso para o aluno ser o único a comparecer em uma aula, pois ganhará muitos créditos de uma só vez, entretanto, não é um incentivo para a turma toda faltar demais, a desvalorização do mícron prejudica os demais alunos e a quem já possui poucos pontos.


1 Prova = 15 pontos (no dia da prova serão ofertados os pontos das aulas + os pontos das provas)


Novamente, será oferecido um total de 15∙n pontos, e a nota será relativa, se todos os alunos se saírem igualmente bem, “fechando” a prova, cada um ganhará individualmente 15 pontos, porém, se por acaso haja os que estudaram mais e mereçam maior nota, estes ganharão mais pontos do que os outros.


1 Trabalho = 5 pontos.


Os trabalhos são o componente mais importante da avaliação e requerem participação em sala de aula, não envolverão muito trabalho escrito, mas sim de interação dos alunos ao longo da aula e de entendimento correto dos conceitos de microeconomia. Os trabalhos estão discriminados ao longo das aulas descritas no programa e envolvem conhecimento sobre os tópicos da matéria.

Para possibilitar o acompanhamento das aulas e para que cada aluno observe a sua pontuação do tipo “pontos corridos” será divulgado ao final de cada dia de aula no moodle, uma tabela do seguinte modelo:


* Os pontos serão distribuidos como uma tabela de pontos corridos, e a conferência diária permitirá os alunos se controlarem bem mais do que em um cruso normal.


Exemplo de Tabela de Pontos Corridos dos Alunos de Micro:

Disciplina: Microeconomia A_I – ECN 061

Curso: Ciências Contábeis

Turma: E

Prof. Victor Maia Senna Delgado

vmaia@cedeplar.ufmg.br

Aula 01 dia 03/03/2009

Observação: Aula expositiva.

Cotação do mícron

μi$ 1,00 = 1 pt

Nome

Matrícula

F

Pontos dia

Total de Pontos

mícrons

(μi$)

1. Abelardo Barbosa

2008000001

X

1

1

1

2. Bruna Surfistinha

2008000002

X

1

1

1

3. Cicrano de Moraes

2008000003

X

1

1

1

4. Fulana Menezes

2008000004

X

1

1

1


Pontos Ofertados = 4 (1n pontos de presença).

Pontos Demandados = 4 = mícrons ofertados.


Todos vieram no primeiro dia de aula e ganharam um ponto. Suponha que no dia da aula 02 haja um trabalho valendo 5 pontos e Cicrano de Moraes tenha faltado esse dia e os demais colegas foram a aula, mas Abelardo e Bruna obtiveram nota 4 e Fulana obteve a nota mais alta, igual a 5. Depois desse dia o quadro ficaria assim:


Disciplina: Microeconomia A_I – ECN 061

Curso: Ciências Contábeis

Turma: E

Prof. Victor Maia Senna Delgado

vmaia@cedeplar.ufmg.br

Aula 02 dia 05/03/2009

Observação: Aula com trabalho.

Cotação do mícron

μi$ 1,00 = 1 pt

Nome

Matrícula

Freq

Pontos dia

Total de Pontos

mícrons

(μi$)

1. Fulana Menezes

2008000004

X

6

7

7

2. Abelardo Barbosa

2008000001

X

5

6

6

3. Bruna Surfistinha

2008000002

X

5

6

6

4. Cicrano de Moraes

2008000003

_

0

1

1


Pontos Ofertados = 24 (5n pts de trabalho + 1n pontos de presença).

Pontos Demandados = 16 = mícrons ofertados.


Como foram ofertados mais créditos do que os apropriados pelos alunos a cotação do mícron irá alterar. Como um aluno não foi à aula isso quer dizer que ele não valorizou a aula 02 isso provocará uma desvalorização do mícron em termos de pontos:


μi$ 1,00 = 1,50 pontos


Obtido por meio da divisão de pontos ofertados/mícrons ofertados:

Se todos participarem da aula seguinte a classificação ao fim da aula 03 se torna:


Disciplina: Microeconomia A_I – ECN 061

Curso: Ciências Contábeis

Turma: E

Prof. Victor Maia Senna Delgado

vmaia@cedeplar.ufmg.br

Aula 03 dia 10/03/2009

Observação: Aula expositiva.

Cotação do mícron

μi$ 1,00 = 1,517 pts


Nome

Matrícula

Freq

Pontos dia

Total de Pontos

mícrons

(μi$)

1. Fulana Menezes

2008000004

X

1

8

5,273

2. Abelardo Barbosa

2008000001

X

1

7

4,614

3. Bruna Surfistinha

2008000002

X

1

7

4,614

4. Cicrano de Moraes

2008000003

X

1

2

1,977


Pontos Ofertados = 4 (1n pontos de presença).

Pontos Demandados = 4 = mícrons ofertados.


Os dias em que a oferta igualar a demanda por pontos, a cotação do mícron não variará.


* Para tornar o curso realmente interessante, o ideal é que esses mícrons sejam convertidos em Reais. Na prática, o aluno pode comprar sua nota na matéria, mas como a cotação do mícron virá variar ao longo do semestre, isso não será simples assim, os mícrons que o aluno comprou no início podem estar mais desvalorizados ao final, ainda mais se for um aluno "vagabundo" que não participa e não obtêm os mícrons de forma produtiva em termos da classe, o que requer sua presença e participação. Além do mais, as evidências mostram que é preciso fiar na capacidade das pessoas de serem prudentes quando se trata de dinheiro. O aluno irá pesar o quanto vale pagar para ter a "desutilidade/' presente de estudar e se o valor for de mercado e justo a grande maioria escolherá comprir os pontos por vias normais do trabalho"


Assim como os espanhóis, o sistema de mercado afirma: "No Hay Atajo sin Trabajo".


Qual seria esse valor justo?


Não é muito difícil, disciplinas de faculdades particulares têm um preço no mercado. Adotando um preço médio de 600 reais por aluno teriamos que o valor potencial para a turma E de microeconomia A1 que tem 50 alunos é de 30 mil reais.


Pegando esses 30 mil reais e dividindo por 5000 que serão o total de pontos distribuídos, obtemos que cada ponto vale:


6 Reais.


Para um aluno passar com nota A (conceito >= 90) ele terá de pagar mais de 540 Reais.


Se quiser simplesmente passar com D (60 =< conceito ="<">


Muitos alunos devem prefiri cursar o curso. De todo modo cabe a compra como último recurso.


O problema desse método é que o Banco Central (Eu, humilde professor) não tenho 30 mil Reais de recursos para cobrir eventual cobrança de todos os reais que os alunos teriam direito de reivindicar pelas regras. E em uma outra situação hipotética para a reserva de recursos, onde todos os alunos ficam com 100 e querem passar apenas com 60. Seriam ainda assim necessários 18 mil reais de reservas.


Há um claro incentivo do professor não facilitar a nota já que ele é o Banco Central e o Distribuidor da oferta de pontos ao mesmo tempo. Estou tentando equacionar esse problema. O Banco Central poderia começar com caixa zero mas corre o risco de quebrar e não tornar crível a torca de mícrosn por reais. Estou pensando em algumas soluções. Talvez não adote o sistema de conversão para Reais, o que deixa o modelo mais fraco, mas há algumas boas opções para a sua adoção. Uma delas é levantar fundos entre os alunos, já que estes é que ganharão o valor futuro na matéria. (Thinking ...)


Por fim, dois últimos problemas que percebi após o segundo dia de aplicação é que há uma tendência natural a desvalorização do mícron. Ele variará, mas como é difícil a oferta de mícrons superar a oferta de pontos o mícron dificilmente baterá de volta na cotação inicial de 1 mícron = 1 pt. O mícron oscila, mas terá um limite superior no 1,00. Isso não é tão problemático, já imaginei como remediar podendo permitir uma pequena variação para cima do 1, depende da turma responder bem aos estímulos.


O último foi fácil de contornar. A cotação do mícron é diária e fortemente determinada pela presença em sala de aula quando não há trabalho, então seria possível os alunos se organizarem no último dia de aula para o mícron se valorizar artificialmente: "se ninguém faltar o último dia a cotação do mícron sobre facilmente para 1 mi = 1 pt" Isso corrigiria a nota em pontos daqueles que estavam lá em baixo em mícrons. Isso se corrige, simplesmente usando o mícron médio ao longo do curso.


Colocarei os resultados no Blog em breve e algumas análises durante o desenvolvimento do curso. E há sempre a possíbilidade do turn off geral e adotar simplesmente os pontos sem mícrons caso dê encrenca esse esquema revolucionário :).